Leio, em primeira página, num jornal que se diz da Economia, que o preço das casas está sob pressão, como suposta conclusão de um painel de respostas de 91 empresas de promoção e mediação, isto é, muito menos de 1% do universo português destas empresas.

Na edição do dia seguinte, agora numa página par interior, o mesmo jornal, citando o boletim mensal do Banco Central Europeu, refere que os preços das casas subiram na Zona Euro ao longo deste ano, apesar de haver grandes disparidades entre os países.

“Desde o início de 2010 os preços da habitação aumentaram progressivamente”, refere a notícia que cita o boletim do BCE, relevando depois descidas na Irlanda, Grécia, Espanha e Holanda, e subidas na Bélgica, França ou Finlândia.

Sobre Portugal diz, numa linguagem mais técnica, que “registou uma variação homóloga de 1,3 e 1,6%, respectivamente no primeiro e segundo trimestres “, o que, por outras palavras, significa o registo de subidas de preços, como já conferi no próprio boletim do BCE.

O que é estranho é que aquele painel, quase confidencial, tenha mais força a difundir uma mensagem muito pessimista sobre a realidade do mercado imobiliário português, do que os estudos do BCE, bem mais credíveis e a apontar precisamente em sentido contrário.

A situação do mercado imobiliário português não é a melhor de sempre, mas não é tão negra como alguns, insistentemente e por razões que a razão desconhece, pretendem pintá-la, como aliás o provam estudos públicos de fontes acima de qualquer suspeita.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 18 de Dezembro de 2010 no Expresso

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