Quem já recebeu um daqueles sinais que obrigam a ter maiores cuidados, por exemplo, no domínio do coração – essa máquina vital -, dificilmente se esquece de transportar, sempre, um certo frasquinho com “bombas” que contém zero virgula quatro zeros e um cinco de nitroglicerina.
Estes comprimidos para derreter debaixo da língua, de nome comercial “Nitromint”, devem ser usados em situações de emergência, previamente definidas pelos médicos, e, especialmente, usados em quantidades limitadas pois até com aqueles zeros de “nitro” podemos chegar a uma dose letal.
Os que transportam, todos os dias, nitroglicerina no bolso, dizem – com alguma razão – que eles sabem os riscos que podem correr e as atitudes preventivas e curativas que devem adoptar em cada situação, ao contrario dos que vivem na ignorância do estado das respectivas máquinas.
Tal como as pessoas, também as Economias precisam de saber como e a quantas andam, e, quais os limites para as bombas que podem ingerir em situações de emergência, na certeza de que os erros, nesta matéria, podem fazer com que se morra da cura.
Nós, em Portugal, sabemos ler os sinais que a nossa Economia já recebeu, transportamos, no bolso, a nossa própria nitroglicerina para as situações de emergência e, por isso, dispensamos o excesso de cuidado dos que querem, à força, que aumentemos a dose do remédio aconselhado.
Na verdade, até desconfiamos um pouco destes zelos pois tememos que, em certos casos, as nossas fragilidades bem detectadas e sob vigilância, sirvam de biombo a emergências que outros queiram esconder – nós não nos vemos mais gregos do que os europeus do Norte.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicardo dia 1 de Maio de 2010 no Expresso