É verdade que há uma rota internacional do imobiliário que sai do Oriente para o Ocidente, de algumas grandes cidades da China, de Singapura, do Dubai, que fica a meio caminho, e que o mercado imobiliário português é um dos destinos desses investidores. E que a estes caminhos da procura da nossa oferta imobiliária juntam-se outros, como os que provêm do Brasil ou até, aqui mais próximo de nós, os que saem de França, num movimento que não se limita ao do retorno de emigrantes.

Tudo isto fez – e continua a fazer – disparar o volume de transações imobiliárias em Portugal, muitas das quais a favor de cidadãos estrangeiros, mas esta verdadeira movida não pode deixar-nos eufóricos, como se tivéssemos voltado à velocidade de cruzeiro que marcou as décadas do nosso boom imobiliário. Estes tempos não voltam mais, o que é natural e até desejável, sendo aliás também desejável travar euforias que possam toldar a nossa percepção do caminho que temos de percorrer para consolidar este crescimento.

Não podemos passar do pessimismo mais depressivo, onde qualquer incidente de percurso parece uma ameaça incontornável, para o optimismo mais cor-de-rosa onde tudo parece correr às mil maravilhas e onde até as árvores de fruto ameaçam crescer até ao céu, desafio que, todos sabemos há muito, é impossível de alcançar. Nem com as oliveiras milenares do nosso clima mediterrânico.

O que é realmente preciso é garantir que a procura externa encontre, entre nós, a oferta imobiliária de qualidade que espera encontrar e tem encontrado, seja mo mercado da Reabilitação Urbana, seja no Turismo Residencial, seja no imobiliário para comércio, segmentos que, entre nós, têm ainda espaço para crescer mas que devem crescer sob o nosso olhar mais atento e cuidado.

Já não falo, claro, na tradição da nossa hospitalidade, na autenticidade das nossas tradições que convivem muito bem e sem problemas com a modernidade que constantemente chega nas ofertas globalizantes, nem no exercício permanente de abertura aos outros, mesmo aqueles que são muito diferentes de nós, um dos mais simples segredos do nosso ADN, virtude mais apreciada e reconhecida pelos estrangeiros que nos conhecem do que por nós.

O que é realmente preciso é divulgar, junto dos mercados potencialmente interessados, com inteligência e eficácia, a nossa oferta imobiliária de excelência (também no preço e principalmente na relação preço qualidade) de forma a que nos possamos comparar com outros destinos da União Europeia que tem menos virtudes para serem mais atrativos do investimento estrangeiro, como alguns ainda são.

Tudo isto sempre sem euforias. Sem endeusar esta ou aquela procura externa, comparativamente com outras procuras externas, mas também sem diabolizar algumas das nossas ofertas, suspeitando que só aquelas ofertas que porventura estão a chegar ao fim é que conseguirão atrair investimento num fatalismo que felizmente a experiência não tem comprovado.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 27 de Março de 2015 no SOL

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