Os avanços e os recuos que se testemunharam na Zona Euro a propósito das soluções ditas excecionais para o excecional resgate da banca da República do Chipre – essa ilha namorada pela Grécia e pela Turquia que alguns consideram uma espécie de tampão entre a Europa e a Ásia, essa ilha do Mediterrâneo Oriental que usa a moeda única -,  os avanços e os recuos aí verificados são novos e decisivos testes à capacidade da própria Europa na resolução da crise em que está mergulhada.

Todos os europeus querem acreditar – e nós por cá ainda mais – que a solução extrema encontrada para a capitalização da banca cipriota não servirá de receita noutras eventuais capitalizações e que as juras neste sentido são sinceras e não apenas declarações de circunstância proferidas para travar desconfianças e receios mais do que naturais pelo menos junto de quem tem dinheiro no banco.

Neste caso particular, os responsáveis políticos que, justamente, têm vindo a garantir a excecionalidade da situação cipriota, entre os quais se inclui o Presidente da França para citar um dos pesos pesados da Europa e um dos chefes de Estado com capacidade para exercer um contraponto à Alemanha da Ângela Merkel, não podem cometer o mínimo erro sob pena de se generalizar uma desconfiança de consequências imprevisíveis.

As populações perdoam sempre, e por vezes muito, alguns dos erros e enganos involuntários cometidos pelos políticos que escolheram, mas há erros imperdoáveis e nestes incluem-se todos aqueles que possam fazer com que as pessoas percam o que consideram um tesouro legitimamente acumulado, seja um pé-de-meia para acudir a uma situação de emergência seja o teto próprio que serve de castelo inviolável.

Luís Lima
Presidente da APEMIP e da CIMLOP – 
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
luis.lima@apemip.pt

Publicado do dia 1 de abril no Jornal i

Translate »