Em Portugal, os preços das casas não sofrem, há anos, qualquer processo inflacionário, e não existe, portanto, qualquer indício de formação de uma bolha imobiliária como há quem queira fazer crer.

O que há é uma confusão entre a dificuldade em promover o encontro da oferta com a procura no mercado imobiliário, num quadro de dificuldades no acesso ao crédito, e a ideia de bolha imobiliária.

Muitos interessados em adquirir casa própria já identificaram, na oferta existente, imóveis concretos que lhes servem perfeitamente. A questão está na ausência de capitais próprios e na dificuldade de aceder ao crédito.

Tampouco é legítimo confundir excesso de oferta em zonas de habitação turística, como no Algarve, com bolha imobiliária, tantas vezes citada com a mesma ligeireza de quem faz e desfaz bolhas de sabão. 

A oferta imobiliária turística algarvia está dimensionada para esta região e só precisa descobrir novos mercados estrangeiros e não nos habituais, saturados e em crise.

Em Albufeira, por exemplo, as transações imobiliárias cresceram, no primeiro trimestre de 2012 relativamente ao mesmo trimestre do ano anterior,  9,3 %. Um bom indício.

Os imóveis devolutos que esperam proprietários ou inquilinos nas periferias ou em zonas turísticas não devem entrar em saldo, como se o preço inicial estivesse contaminado pela doença das bolhas.

Num mercado cujo volume de crédito por resgatar é igual a um ano de Produto Interno Bruto, forçar, artificialmente, uma desvalorização, contribui para agravar a situação económica do país. 

Num processo agravado pelo retardar de boas decisões de investimento no sector, em nome das falsas promessas dos que vivem obcecados com a ideia de quebra dos preços.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 25 de junho de 2012 no Jornal i

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