Num dos mais famosos fados canções Amália Rodrigues canta as janelas avarandadas, canta caracóis e caracolitos bem como espanhóis e espanholitos, para referir que um dia foi a Espanha comer com os espanhóis cozido assado no espeto no molho dos caracóis.
As repetitivas palavras deste popular fado, poema que julgo ter sido escrito pela própria Amália Rodrigues, remetem-nos para a vizinha Espanha, país cujas tradições contemplam hábitos gastronómicos tão especiais e raros como será um cozido assado no espeto regado com molho de caracóis.
Nada de especial, ou transcendente, para quem aprecia um prato temperado como será um prato de caracóis em salsa, raridade gastronómica que os espanhóis terão copiado aos portugueses, adaptando ao gosto de Castela e ao seu tempero mais adequado.
Tal como o cozido assado em molho de caracóis, os espanholitos, passe a simpática expressão de Amália Rodrigues, também recriaram e reinventaram o programa de vistos Gold para estrangeiros de fora da União Europeia interessados em investir em Espanha, tornando-o mais atraente e competitivo.
De acordo com recentes propostas de alteração apresentadas em Madrid para o programa de captação de investimento estrangeiro, os incentivos propostos contemplam autorizações de residência para o núcleo familiar do investidor e até autorizações de residência, por período experimental, antes da concretização do investimento.
Nós, por cá, questionamos uma mais do que natural autorização de residência para quem invista entre nós, considerando-a quase um crime de lesa nacionalidade. Os espanhóis, ou como diria Amália Rodrigues os espanholitos, alargam o universo dos benefíciados do programa dos vistos Gold.
Esta diferença torna o programa espanhol mais atractivo e mostra como Madrid esta mesmo empenhada em captar investimento estrangeiro, um investimento hoje considerado essencial em qualquer economia do mundo global. Sem falsos pruridos de exacerbados nacionalismos.
Como se fosse pecado acarinhar, com regras pragmáticas, bem claras e transparentes, quem está disponível para aplicar dinheiro num país estrangeiro.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 06 de Abril de 2015 no Diário Económico