A austeridade a que muitos Estados, incluindo o nosso, está a sofrer, a fazer lembrar o que o Reino Unido passou sob o governo de Margaret Thatcher, entretanto nomeada baronesa pela Casa de Windsor, manifesta-se, quase invariavelmente, por cortes em projectos de desenvolvimento e em gastos com as politicas sociais.
Geram, em geral, quebras no padrão de vida das populações, inversamente mais acentuadas nas pessoas de menores recursos, e criam anti-corpos e movimentos de protesto como os que ocorreram em Inglaterra, quando Thatcher, ainda só ministra da Educação de Edward Heath acabou com a distribuição gratuita de leite nas escolas.
Em cenários desta natureza e quando a situação não é bem explicada nem bem justificada, é fácil admitir e pensar que muitos programas de austeridade são adoptados em nome dos interesses de alguns investidores, poderosos e anónimos, com prejuízo do bem-estar geral social. E, nestes casos, não há brandos costumes que resistam.
Importa, com urgência, que alguém (de direito nestas matérias) explique em nome de quê ou de quem estamos a apertar tanto o cinto. E, principalmente, se e quando voltaremos a poder respirar sem este sufoco constante que a simples palavra crise gera. Da clareza dessa explicação dependerá a luz que iluminará o fundo do túnel, sem a qual dificilmente a situação será suportável.
Pedir também alguma palavra de esperança, preferencialmente justificada, não é, em boa verdade, exigir muito e pode ajudar muitíssimo.
Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt
Publicado no dia 07 de Novembro de 2011 no Jornal i