O que não sabemos sobre a China é imensamente mais importante do que aquilo que julgamos conhecer. Sabemos que a China é o país mais populoso do Mundo com quase um quinto da população mundial, que o Mandarim, a língua oficial do país, é a língua mais falada no Mundo e, por exemplo, que Portugal foi o terceiro mercado imobiliário europeu que atraiu mais investimentos chineses em 2014, depois do Reino Unido e da Espanha, a fazer fé na mais recente edição da revista mensal News China.

Neste ranking, Portugal estará nos dez principais destinos do investimento externo chinês em bens imobiliários, uma lista onde só aparecem três países europeus, o nosso, o Reino Unido, e a Espanha. E como o que conta é a escala, bastará lembrar que num ano, só em transações imobiliárias de cidadãos chineses dos Estados Unidos da América, o primeiro destino deste mercado, foram gastos 10 mil milhões de euros.

Escala, economia de escala, é algo que temos de incorporar na nossa preparação para atuar neste Mundo Global. Um por cento da população chinesa é mais gente do que a população de Portugal. Se um por cento da população da China tiver capacidade para investir no estrangeiro isto significa que existem mais de 10 milhões de chineses a querer investir fora da China. Um por cento.

Escala é o que a União Europeia tenta ter e escala é, por exemplo, compreender que no segundo país mais populoso – a Índia – um país onde por razões históricas o Inglês é uma das línguas oficiais, bastará que 5% da população fale e escreva Inglês corretamente (percentagem que seguramente peca por defeito) para que a República da Índia tenha a segunda maior população do Mundo a falar bem Inglês. Cinco por cento basta para que tenha mais gente a falar bem Inglês do que todos os habitantes do Reino Unido, realidade que explica o facto da Índia ser uma dos paraísos dos call centres.

Voltando à China, importa referir, citando ainda a revista News China, que este movimento de cidadãos chineses a comprar propriedades no estrangeiro implica sempre, ou quase sempre, que a par da aquisição haja também o direito de residir. Mau seria que alguém pudesse comprar uma casa mas depois não pudesse residir nela. Isto é válido para as pessoas singulares mas também para as colectivas, como por exemplo consórcios idênticos ao que é citado no artigo – o consórcio chinês Wanda Group – que terá pago 265 milhões de euros por um dos históricos arranha-céus de Madrid.

Mesmo sabendo que o que não sabemos sobre a China é imensamente mais importante do que aquilo que julgamos conhecer, é inevitável que sectores como o imobiliário português não podem ignorar estas tendências do Mundo glogal e devem aproveitar tudo o que ajude a cimentar procuras potenciadoras do nosso crescimento. Divulgando Portugal como um país que está agora disponível para ser descoberto e para se mostrar como uma localização impar para muito bom investimento externo.

Sem falsos pudores ou sombra de pecado e com a humildade de saber que o que desconhecemos sobre a China e sobre os chineses é tão ou mais importante do que o que julgamos saber.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 11 de Março de 2015 no Público

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