Na sua mensagem de Ano Novo, o Presidente da República, Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que 2017 tem de ser o ano do crescimento económico sustentado.
Um desejo que, creio, será extensível a todos nós, que ambicionamos que a nossa Economia comece, finalmente, a registar notas crescentes. Neste panorama, o sector financeiro tem um papel absolutamente fundamental, e infelizmente, estabilidade não é uma palavra que possamos associar ao estado da banca portuguesa, com dois dos seus principais bancos numa situação de incerteza quanto ao futuro que o rege, que acaba por gerar retração no que diz respeito ao apoio e financiamento ao investimento.
Não tenho dúvidas de que os obstáculos que hoje se vivem no acesso ao financiamento ao investimento são uma das grandes carências que a nossa Economia tem vindo a sentir. Uma carência que só poderá ser suprida com estabilidade.
Refiro-me, por exemplo, a um sector tão importante e que tanto emprego gera como o da construção, que neste momento tem já reunidas as condições necessárias para voltar a ser incentivado, num período em que se esgotam as habitações, sobretudo nos centros das cidades, e em que os preços praticados ultrapassam em muito as possibilidades das carteiras da classe média portuguesa.
É portanto necessária uma resposta da construção, que tem que voltar a construir novo para promover a estabilização de preços que será benéfica para todos: para as construtoras, que voltam ao ativo depois de um longo período de estagnação; para as famílias, que passam a ter ativos no mercado à medida das suas possibilidades; para as imobiliárias, que têm mais produto para comercializar e suprir as necessidades do mercado; para a banca, que garantirá dividendos que por via do financiamento ao investimento, quer por via do crédito à habitação; e para o próprio mercado imobiliário, que necessita de aliviar os preços que estão a ser praticados, até para evitar bolhas especulativas e para permitir a existência de um crescimento que possa ser sustentável, sem loucuras desmedidas e cautelas que poderão colocar em perigo este período quase áureo que se vive no sector.
As expetativas para o crescimento do mercado imobiliário em 2017 são muito positivas, e assentes na premissa da melhoria do mercado interno, na manutenção da captação de investimento estrangeiro e no feliz casamento que se tem verificado entre o sector do imobiliário e do turismo, que gera investimento na generalidade do mercado.
Perspetivas que se manterão, desde que não haja surpresas desagradáveis que ponham em causa algo cuja importância é indiscutível: a estabilidade.
Luis Lima
Presidente da APEMIP
Publicado no dia 9 de Janeiro de 2017 no Jornal Económico