A notícia de que os bancos portugueses iriam ter mais dinheiro para o financiamento da Economia com a libertação, pela Autoridade Bancária Europeia (EBA),  das verbas que estavam cativadas para cobrir eventuais perdas com a dívida soberana parece ter sido uma espécie de falsa partida.

Na verdade, a EBA libertou tais verbas, como os bancos queriam, mas esses milhões agora disponíveis vão ter, provavelmente, outro destino – o pagamento ao Estado  das ajudas que a banca portuguesa recebeu através da linha de recapitalização de 12 mil milhões de euros.

A amortização da dívida que a banca portuguesa contraiu junto do Estado português parece ser a prioridade a dar à significativa fatia de dinheiro que reapareceu com as cauções libertadas pela EBA. Mas esta opção não significa que, numa visão maniqueísta, o financiamento da Economia sai a perder.

Na verdade, mesmo sem a libertação de tais verbas, a banca portuguesa já dispunha de meios para financiar a Economia. Este financiamento não tem estado a concretizar-se como se deseja mais por falta de confiança dos investidores na Economia do que por falta de capital.

Nestes cenários de grande desconfiança dos investidores, nomeadamente dos privados, é ao Estado que compete desencadear ações que possam contrariar essa crónica descrença – talvez a devolução, por parte da banca, de dinheiros do Estado facilite esse papel insubstituível.

Daí que seja mais adequado falar de Estado e Economia do que de Estado ou Economia. Às vezes basta a substituição de uma pequena palavra ou mesmo apenas tirar ou por uma vírgula para fazer uma grande diferença.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa

Publicado no dia 3 de Agosto de 2013 no Expresso

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