Este ano o Pai Natal não embrulhou as prendas. Não, não, não foi por esquecimento, foi por incompatibilidade legal da função. Ao que parece, por força de uma lei antiga, claramente desadequada da realidade, o Pai Natal só pode distribuir as prendas, mas não as pode embrulhar ou, ainda menos, escolhê-las – isso é tarefa para outros profissionais.

O Pai Natal reclama, há algum tempo, pelas alterações legais que lhe permitam alargar as valências que precisa para que o serviço que presta possa ser completo, e corresponder ao que dele, milhares e milhares de consumidores esperam, mas o S. Nicolau e até, se calhar, o Menino Jesus, andam a fazer lobby  contra o simpático velhinho das barbas brancas.

Se há quem compreende o Pai Natal, nesta vontade de servir correctamente os clientes, somos nós, mediadores profissionais da Associação de Profissionais e Empresas da Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) que esperamos uma lei que consagre todos os serviços que prestamos a quem nos procura, sem os espartilhos de certas exclusividades.

Nós, também, estamos fartos das pressões de grupos como os do Grémio dos Embrulhadores de Prendas Natalícias (GEPN), gente empenhada em manter privilégios antigos, mesmo contra os interesses do público consumidor, que não entende as razões pelas quais certos serviços não podem ser prestados de forma completa.

Nós, profissionais da Mediação Imobiliária, que caminhamos para o estádio da auto-regulação, isto é, para um patamar de maior responsabilidade, de controlo mais apertado e, consequentemente, com melhores benefícios para o público consumidor, nós estamos completamente solidários com o Pai Natal, quando este é impedido de embrulhar as prendas.

Contra todos os lobbys maus, como esses tais dos embrulhadores de prendas, cujas pressões contra o Pai Natal nada têm a ver com o interesse de quem espera prendas de Natal, devidamente embrulhadas, e por quem, naturalmente, as deve embrulhar, sendo, pelo contrario, pressões que não disfarçam motivações interesseiras ilegítimas, quando não apenas vingativas.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 26 de Dezembro de 2009 no Diário de Notícias

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