Se registo com enorme satisfação a abertura, em Albufeira, de um hospital do grupo privado HPP, com atendimento permanente e as principais valências, estrutura que nestas reflexões escritas algumas vezes reclamei como necessária ao Algarve e a essa cidade capital do nosso Turismo, registo também, com alguma preocupação outros sinais menos positivos que ressaltam deste Verão tão incerto.

Um deles, que muito me impressionou, foi o encerramento de uma loja de uma empresa de mediação imobiliária que durante anos e por natural atração profissional habituei-me a visitar num espaço comercial que habitualmente frequento quando estou em férias no Algarve. Aquele colega fornecia-me, indiretamente, uma primeira leitura do estado do sector imobiliário na região. Este ano senti a sua falta.

Infelizmente, há muitos outros sinais, bem visíveis, que traçam o estado da nossa Economia na mais importante região turística do país, região que continua a registar uma ocupação normal para esta época mas sem o dinamismo, em matéria de procura de serviços e de produtos comerciais, verificado noutras épocas, quando os roteiros secretos do chamado Algarve bom e barato não figuravam na capa de revistas de informação generalista de referência.

O que é preocupante num olhar mais atento para este verão algarvio é que, a razoável ocupação turística desta região mal disfarça uma situação muito difícil que, a não ser atalhada, pode anunciar um canto de cisne anunciador de quebras e dificuldades prolongadas para o Algarve, cuja principal fonte de rendimento é, e terá de continuar a ser, o Turismo. A procura interna não tem poder de compra e as quebras de alguns mercados externos não estão a ser substituídas por outras procuras externas.

No plano interno, esta realidade traduz as profundas dificuldades com que se debate a classe média portuguesa, num crescente processo de empobrecimento que se traduz numa também crescente dificuldade em manter rendimentos mínimos pelo trabalho na economia formal, situação em tudo contrária à situação necessária para que haja crescimento e desenvolvimento.

Este Verão tão incerto no Algarve deve mobilizar toda a nossa inteligência numa reflexão séria sobre o futuro próximo da nossa Economia, para que, o cair das folhas que marca o Outono que se aproxima não seja um prenúncio de um longo, muito longo, Inverno algarvio que, a acontecer, ajudará a arrefecer ainda mais todo o restante território nacional.

Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP
luislima@apemip.pt

Publicado dia 17 de Agosto de 2012 no Sol

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