O líder das forças francesas livres que resistiram, durante a II Guerra Mundial, à ocupação alemã, Charles André Joseph Marie de Gaulle, primeiro presidente da Quinta República Francesa, cargo que exerceu de 1958 a 1969, foi um dos grandes obreiros da autonomia da Europa face ao “proteccionismo” norte-americano, militarmente assumido na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN ou NATO na sigla em inglês) .

Foi sob a presidência deste general, que a França conseguiu entrar para o clube dos países “autorizados” a possuir a bomba atómica, hoje, o núcleo duro do Conselho de Segurança das Nações Unidas,  e que a chamada ala europeísta da Aliança Atlântica se afirmou, diplomaticamente, forçando um equilíbrio mais politico do que militar, mas, seguramente, com influência na área económica.

Hoje, que as principais agências de rating possuem um umbigo norte-americano na linhagem do Fundo Monetário Internacional (FMI), hoje, precisar-se-ia, ainda mais, de um De Gaulle também capaz de “criar” uma agência de rating mais eurocêntrica ou de forçar a constituição de um Fundo Monetário Europeu, com capacidade de intervenção nos países da Zona Euro.

Embora a Europa não possa virar costas aos Estados Unidos da América, nem desamparar a complexa Administração Obama, a verdade é que está na hora de centrar os nossos esforços de recuperação económica, à luz dos nossos próprios interesses, que não são sempre coincidentes com os dos norte-americanos, mesmo que as agencias de rating pensem o contrário.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 17 de Março de 2010 no Diário Económico

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