O que marca, entre nós, qualquer greve como a que recentemente foi convocada pelas duas centrais sindicais, é a enorme discrepância que se verifica, entre Sindicatos e Governo, na hora de contabilizar o impacto dessa acção.

Enquanto os sindicatos reclamam sempre valores muito elevados de participação nas greves, o Governo (muito mais do que as organizações patronais) costuma contrapor valores muito diferentes de participação, às vezes quase insignificantes, num exagero de sinal contrário ao exagero da avaliação sindical.

Tudo isto temperado pelas reclamações sindicais contra a fixação de serviços mínimos considerados exagerados e pelas declarações patronais e ou do Governo contra a oportunidade das acções encetadas, salvaguardando quase sempre a manifestação do reconhecimento do direito à greve.

É neste contexto, quase decalcado do figurino de concursos televisivos pouco edificantes, como esse jogo do elo mais fraco, onde o desconhecimento ou ignorância dos participantes é alvo de chacota e onde a eliminação de concorrentes é determinada pela vontade, sem critério, dos demais concorrentes, que se debatem em Portugal as greves.

Sendo certo que há conflitos de interesses, outrora denominados lutas de classe, a justificar que a corda seja puxada em várias direcções contrárias, importaria que, num contexto de crise como o que vivemos, pudéssemos, todos nós, estar mais atentos à necessidade de evitar, pelo acréscimo de informação, que o elo mais fraco seja a própria Economia portuguesa.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

Luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 14 de Dezembro de 2011 no Diário Económico

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