A Estrada Marginal da Costa do Estoril, aquela que viria a ser a nossa primeira estrada do turismo, idealizada em 1933 pelo então Ministro das Obras Públicas e Comunicações, Engenheiro Duarte Pacheco, foi, como se diria hoje, uma mais valia para a celebrada Costa do Estoril, que era, registe-se, já servida pelo comboio, por sinal pela primeira linha férrea electrificada no país.

A conclusão desta estrada, coincidente com a conclusão do primeiro troço da auto-estrada Lisboa Cascais, ocorre em 1942, quando também estavam em fase de conclusão duas outras importantes obras – a Gare Marítima de Alcântara e o Aeroporto de Lisboa. Qualquer delas para serviço dos portugueses, mas também dos estrangeiros que nos visitavam, incluindo aqueles que eram atraídos pelo famoso Casino do Estoril.

Os meios de comunicação de há 70 anos, tal como os de hoje, funcionavam de dentro para fora e fora para dentro, numa rede tão importante para quem quer sair como para quem quer entrar. Esta é a lógica que, mais tarde, justificará a criação da Comunidade Económica Europeia (CEE), hoje União Europeia, com as suas regras e políticas comuns, que passam, por exemplo, por tectos iguais para os défices públicos.

Para ser mais fácil que os  espanhóis possam vir jogar ao Estoril ou para que os produtos que a Alemanha exporta para Portugal possam chegar mais rapidamente e em melhores condições ao nosso mercado. Mas para que tudo isto funcione mínima e harmoniosamente importa que os rígidos e comuns limites de déficit pudessem contar com um acesso a financiamentos a juros também comuns.

Talvez o conhecimento desta globalização ajude a perceber a generosidade alemã em abrir créditos, a juros mais favoráveis, para as pequenas e médias empresas portuguesas. Afinal há quem empreste dinheiro a Berlim sem juros, só pela garantia de saber que o dinheiro estará seguro, e até mesmo a juros negativos, ou seja, pagando para que a Alemanha aceite o empréstimo.

Desviar alguns destes empréstimos para zonas geográficas deste espaço comum que é a União Europeia, em especial a chamada Zona Euro, onde as taxas de juro praticadas chegam a valores usurários, é uma medida inteligente que serve todos os interesses envolvidos, na exacta medida em que o financiamento da Economia é vital como o abastecimento de água potável. 

Para quem chega e para quem parte, para quem vende e para quem compra.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 08 de Junho de 2013 no Jornal de Notícias

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