Neste ano em que o primeiro dia de Agosto é uma segunda-feira, a Alemanha e mais visivelmente a França, fecham para férias depois de amanhã, à hora regimental do encerramento do expediente, dia 29, uma sexta-feira que faz ponte com uma quinta, a saber com a quinta-feira dia 1 de Setembro de 2011. Nós, por cá, não, mesmo que pareça que sim, como se deduzirá da habitual pausa do Público Imobiliário no mês dito das férias de Verão.

Não vamos, não podemos ir, embora por vezes sejamos tentados a pensar que talvez devêssemos cumprir essa pausa para podermos regressar em Setembro com mais força e com outro ânimo, ou seja, mais dispostos a mudar de vida e, principalmente, mais empenhados nessa mudança tão necessária quanto urgente a julgar por todos as notícias que têm vindo a acumular-se nestes tempos de rigor.

Mas, apesar de todas as tentações, o mês de Agosto vai ter de ser, este ano, de trabalho, mesmo que apenas seja do trabalho de pensar o trabalho, uma tarefa que nos momentos das grandes opções ganha uma dimensão incontornável e é uma verdadeira missão insubstituível se quisermos preparar-nos a sério para os mais difíceis desafios de todos quantos alguma vez enfrentamos neste jardim do Atlântico com séculos de História.

Acresce que parar no actual contexto pode ser mesmo mau. Uma paragem longa pode potenciar a tentação do não regresso, na aparente facilidade de qualquer desistência. E para desistir, às vezes, basta aliviar a vigilância, basta esmorecer, basta perder a tensão que é própria à actividade de cada um e que, como a tensão arterial, não pode estar muito alta, mas também não pode estar muito baixa.

Quantas férias grandes não foram, para algumas empresas, a antecâmara da falência? Será por acaso que muitas das grandes e polémicas decisões políticas, nomeadamente as que carecem de discussão pública, são agendadas para períodos de maior abrandamento da nossa atenção colectiva, como o tempo das férias ou como o tempo das festas que mais nos calam fundo?

Neste ano em que o primeiro dia de Agosto é uma segunda-feira, nós, por cá, não vamos de férias, mesmo que este espaço habitual das quartas-feiras só volte em Setembro. Neste período em que desejamos sinceramente a quem possa ter o privilégio do descanso que o aproveite bem, tentaremos não descurar o nosso papel de mediação influente no sentido de equacionarmos, permanentemente, todos os cenários que ajudem a superar os desafios com que estamos confrontados.

Estou certo que não estaremos sozinhos. Connosco estará a classe política, da Situação e da Oposição, estará a banca, estarão os investidores não especulativos e, claro, muitos portugueses anónimos. Talvez possamos sorrir, imaginando um futuro próximo semelhante, quando virmos, nas inevitáveis reportagens televisivas, o congestionamento das auto-estradas europeias  que rumam a Sul. Alemãs, francesas.  Boas férias.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

 

Publicado no dia 27 de Julho de 2011 no Público Imobiliário

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