A paulista Rua Óscar Freire, uma das ruas mais luxuosas do Mundo, comercialmente falando, relativamente perto da Avenida Paulista – a mais célebre de São Paulo -, não consegue destronar a Avenida da Liberdade, desta nossa Lisboa, nem como destino de eleição para compras ou simplesmente para ver montras que iluminam os mais ousados sonhos consumistas. 

A cidade de Lisboa não está no “top ten” das cidades com mais lojas de marca por metro quadrado, mas a Avenida da Liberdade tem inquilinos de luxo em qualquer parte do Mundo e o negócio que eles gerem, principalmente entre turistas provenientes de Economias emergentes, está a fazer aguentar o barco de muito comércio de marca.

Os números dizem que as compras realizadas por turistas estrangeiros oriundos de países a viver em claro crescimento económico estão a salvar o comércio de artigos de luxo e de marcas de excelência sediado em Lisboa, o que acaba por ser uma boa notícia para todos, incluindo aqueles que não chegam a tal patamar.

Gente posh (ou, em tradução livre, gente fina) pode não ser outra coisa, como diz o ditado, mas tem outro poder de compra e o poder de compra também faz mercado necessário ao desenvolvimento da Economia. Posh é uma palavra inglesa constituída pelas iniciais da expressão “Port Out, Starboard Home”

Esta expressão traduzia as preferências dos passageiros vip dos cruzeiros ingleses que, no passado sem ares condicionados e outras mordomias, viajavam para Sul nos camarotes de estibordo (starboard home) trocando no regresso pelos de bombordo (port out) para, em tempo quente, receberem sempre a brisa vinda do lado do mar.

Hoje, a primeira classe de mais recente Boeing, o Boeing A 320, de luxos quase asiáticos, transporta, com todo o conforto, um qualquer passageiro (que tenha poder de compra para adquirir o respetivo bilhete) a qualquer das dez cidades do Mundo do top de cidades com lojas mais luxuosas, lista encabeçada por Tóquio. E como pode ser importante figurar nessa lista de cidades que alimentam sonhos.

Isto significa que o turismo virado para segmentos (novos ou velhos) de elevado poder de compra merece e deve ser também acarinhado, desde que haja condições para o receber e cativar – não há turismo só com Sol e Mar, como em tempos acreditamos, sendo necessário abrir algumas ruas Óscar Freire, com tudo o que estas artérias possam significar em matéria de perfumes e de outras essências.

Luís Carvalho Lima

Presidente da APEMIP

luislima@apemip.pt

Publicado no dia 27 de julho de 2012 no Sol

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