Sejam pelos dias de estado de graça sejam pelos dias de provas de fogo, em Portugal primeiro que se atinja a velocidade de cruzeiro que é suposto atingir é um dia, perdão, são muitos dias de juízo. Isto acontece sempre que mudam os responsáveis, com a raríssima excepção das equipas técnicas da alta roda do futebol onde uma mudança, por mais radical que seja, tem de corresponder a resultados positivos no curto prazo.
Pena que na política e na gestão das coisas públicas não seja sempre assim. Aqui, quando há mudança, os resultados da própria mudança são sempre mais lentos, seja pela tolerância dos dias de estado de graça seja pela intolerância dos dias de provas de fogo, mesmo que a vida não pare e até esteja desejosa de sentir os prometidos efeitos da mudança, em nome dos quais se optou pela mudança.
Estado de graça ou provas de fogo são sempre álibis para justificar um ritmo lento e desesperante. É preciso tempo para estudar dossiers, mesmo que esses dossiers estejam mais do que lidos e relidos, é preciso tempo para descobrir a praxis dos lugares novos que ocupamos e tudo isto é lenha para o fogo lento dos adiamentos crónicos que atrasam a vida de quem vê e deseja sempre uma oportunidade em cada mudança.
Está na hora de assumirmos que este é que vai ser mesmo o ano um de uma Reabilitação Urbana com pés e cabeça e com sinais evidentes de que é desejada e apoiada… Está na hora de honrarmos as promessas que fomos atirando aos investidores, nacionais e estrangeiros, que se apaixonaram pelo nosso imobiliário… Está na hora de meter mãos à obra arregaçando as mangas e fazendo tudo aquilo que dissemos que iríamos fazer.
Pelo calendário tão próximo dos dois últimos actos eleitorais em Portugal, as legislativasde 2015 e as presidências de 2016, seria quase irónico que o Governo saído das eleições de Outubro passado só conseguisse a velocidade de cruzeiro que todos desejam, apoiantes e opositores, depois da tomada de posse do novo Presidente da República, o eleito em finais de Janeiro de 2016 cuja tomada de posse está marcada para 9 de Março.
Tendo em conta todo o período que antecede um acto eleitoral, desde que ele é marcado, vivemos numa indefinição permanente, em Portugal, há mais de seis meses, com todas as consequências desta eternidade, nomeadamente para a nossa auto-estima, para a nossa recuperação económica. Cada dia que passa sem respostas nas contrapartidas ao investimento externo ou sem certezas no futuro dos mercados internos, é um dia perdido.
É por isso que aquele crônico estado de graça, que às vezes era dado aos novos governos, nunca teve graça e é por isso que as provas de força, de uma praxis às vezes muito violentas contra os novos, nunca provam ou provaram coisa alguma. Na verdade ninguém quer viver a vida toda assim. Nem a vida toda nem mais de seis meses, para utilizar uma velha expressão que nos marca a todos desde que nos conhecemos.
Não podemos adiar por muito mais tempo o que sabemos que tem de ser feito para nosso bem comum. No imobiliário e em tudo.
Luis Lima
Presidente da CIMLOP
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 13 de Fevereiro de 2016 no Sol