Os governos ocidentais estão a acompanhar, de perto, as crises políticas e sociais que geram contingências em alguns países árabes, na sequência das denominadas “revoluções de jasmim”, cujo epicentro foi localizado na Tunísia e já teve réplicas no Egipto.
É natural e diplomaticamente correcto que os governos aconselhem os respectivos cidadãos, que vivem em países árabes onde se registam confrontos e manifestações, a terem “cuidado” e até a regressarem aos países de origem.
Isto aplica-se às centenas ou mesmo milhares de pessoas que estão deslocadas profissionalmente naquelas paragens, embora tenha efeitos nas centenas de milhares ou mesmo milhões de turistas que habitualmente demandam aqueles destinos.
Estes órfãos do turismo poderão estar disponíveis para visitar novos países de acolhimento, inicialmente temporários mas definitivos em muitos casos, especialmente se conseguirem oferecer-se com uma inesperada qualidade e como uma verdadeira novidade.
O turismo de Portugal terá, seguramente, planos de contingência para estas situações, embora esta tarefa também passe pela acção dos próprios operadores turísticos. nomeadamente no promoção externa da qualidade dos destinos que possamos oferecer.
Nesta acção, tão diplomaticamente correcta quanto a necessidade o permita, aplica-se uma das mais velhas e acertadas máximas em tempo de crise, isto é, a que lembra que nestes contextos difíceis só há duas opções – chorar as desgraças da crise ou vender lenços a quem chora.
Claro que os nossos lenços têm de ser bordados e de pano fino, ou seja, para que haja um efectivo querer nesta delicada operação de promoção, é, absolutamente necessário, que a nossa oferta seja realmente de qualidade e saiba dar-se a conhecer.
No nosso caso concreto, o desafio também passa pela tarefa de inverter as tendências para a redução das chamadas épocas turísticas (com efeitos desastrosos no plano do emprego, como está a acontecer no Algarve), reinventando e divulgando com eficácia a oferta.
Sem nunca ceder às exigências de qualidade que qualquer oferta turística deve perseguir, se não pretender ser apenas uma oferta temporária, nem à transparência da própria comercialização turística. Dois segredos que também se aplicam nestas áreas que se cruzam com as do imobiliário.
Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP
Publicado dia 23 de Fevereiro de 2011 no Público Imobiliário