A medição imobiliária, cujo relacionamento com os setores financeiros é excelente, está empenhada em contribuir para a solução do problema que aflige muitos bancos e que reside na acumulação de bens imóveis como ativos indesejados dos próprios bancos, na media em que resultam de dações igualmente indesejadas.

Pela longa experiência de mercado, os bancos com maior peso sabem que as soluções pontuais para este como para outros problemas, só aparentemente e num primeiro momento, resolvem a questão. O escoamento que se conseguirá com desvalorizações excessivas não compensa os efeitos colaterais de tal remédio.

Financiar a cem por cento a compra de tais imóveis, isentando os clientes interessados de várias despesas e oferecendo ‘spreads’ competitivos é um cocktail explosivo quando associado a quebras de preços pois desestabiliza todo o mercado e acaba por gerar novos ciclos de dações.

Esta inesperada bola de neve é, para alguns, um verdadeiro segundo subprime que gera novos stocks indesejados enquanto escoam os primeiros indesejados. O argumento de que os stocks, mesmo de casas, também acabam de se esgotar não colhe pois se tal acontecer a desvalorização generalizou-se e o mercado hibernará.

A pensada solução transformar-se-á num verdadeiro desastre para o setor imobiliário sabendo-se, como sabemos que há desregulações que desencadeiam crises sobres crises em setores a jusante e a montante, como metástases irreversíveis que acabarão por debilitar toda a Economia.

É em nome desta visão global que devemos procurar a solução adequada para o problema, sem ignorar os efeitos colaterais do remédio que escolhemos, certos que uma escolha menos adequada poderá ser fatal para a própria dinâmica dos modelos de desenvolvimento da sociedade que desejamos.

A procura de consensos, sejam eles sociais, sejam políticos, sejam económicos, não se esgota apenas no patamar das cúpulas políticas. Noutros círculos, porventura menos focados mediaticamente, é também importante esse esforço de convergência, razão pela qual nos assumimos com disponibilidade para encontrar todas as melhores soluções para todos os problemas do nosso setor.

Felizmente, os momentos potencialmente difíceis que vivemos estão a proporcionar aproximações estratégicas indispensáveis que favorecem a obtenção daqueles consensos tão necessários às soluções consolidadas, de longo prazo, não às soluções efémeras que só aparentemente são as mais fáceis.

Há muitas e há mais concertações que exigem mediação verdadeira.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 08 de Fevereiro de 2012 no Público

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