O Governador do Estado da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, mais conhecido pelos papéis que desempenhou no cinema, nomeadamente como Exterminador, não pode apagar o défice do Estado com um simples “Hasta la vista baby”, expressão célebre dos diálogos do segundo filme da série.
Mas pode, como aconteceu recentemente, decretar o estado de emergência financeira na Califórnia, e obrigar a função publica a gozar três dias mensais de licença sem vencimento para poupar aos cofres do Estado, onde parecem faltar 19 mil milhões de dólares.
Acontecesse isto na Europa da Zona Euro, por exemplo em Portugal, e de nada valeriam quaisquer testes de stress à banca, mesmo que estes viessem a revelar-se positivos para as instituições testadas, como aconteceu recentemente num cepticismo exacerbado.
Ainda mal eram conhecidos os resultados destes testes à banca, e, já algumas vozes se levantavam a dizer que tais exames não serão totalmente fiáveis no que toca ao potencial de prejuízos para a banca, em certos cenários adversos e em relação as dívidas públicas dos Estados.
Felizmente, não vivemos na Califórnia de Schwarzenegger, cujos riscos inerentes à dívida pública são tão grandes quanto as notícias chegadas sobre as férias forçadas da Função Pública californiana, numa América unida que também submeteu a banca a testes idênticos, mas com menos êxito.
O que difere, aparentemente de forma substancial, é o escudo invisível que rodeou a situação financeira na Califórnia. Apesar de grave, não andou nas bocas do mundo, nem dos crónicos pessimistas sempre à procura dos aspectos mais negativos e nunca disponíveis para relevar o positivo.
Se é certo que não devemos escamotear a realidade, e, muito menos esconder as situações preocupantes, até para que possamos estar preparados para melhor as enfrentar, não é menos certo que a tendência para um pessimismo doentio, é, subjectivamente, muito negativa.
Os níveis de confiança que também podem determinar melhorias no desempenho das Economias passam – e muito – pela construção de um certo ambiente geral propício à determinação e ao empenho de todos, o que implica que se criem certas condições subjectivas para tal.
Às vezes, é preciso fazer das tripas coração, mas o que não é nunca justificável, é fazer do coração tripas.
Publicado dia 6 de Agosto de 2010 no Sol