Ao contrário do que muitos vinham agoirando, o imobiliário continua a atrair muito investimento estrangeiro em Portugal. É mesmo possível dizer que o programas dos pedidos de Autorizações de Residência para Investimento (ARI), os conhecidos vistos Gold, vive essencialmente do interesse que o mercado imobiliário gera em muitos investidores estrangeiros.

Continua a ser pelo interesse no imobiliário português que o número de pedidos de residência ao abrigo daquele programa não só não regista a quebra por alguns agoirada como está, de novo, em alta, considerando os pedidos entrados em Fevereiro e comparando este volume com o volume de pedidos contabilizados nos meses anteriores.

Admitindo algum desgaste relacionado com os efeitos negativos que a divulgação da existência de suspeitas de corrupção a envolver a atribuição destes vistos possa ter provocado – e certamente provocou -, a verdade é que é os investidores estrangeiros continuam a olhar para esta oferta como uma oferta muito positiva e verdadeiramente alternativa a outros investimentos que a história recente revelou muito voláteis.

Como aliás já aqui referi, em Portugal vendemos casas de boa e muito boa qualidade, não passaportes, ou vistos de residência e nacionalidades atribuídas à pressa a gente rica, como alguns tentam fazer crer lançando sobre o sector imobiliário uma má fé injustificada e até, em alguns aspectos caluniosa.

Na verdade, como também já tenho dito, o sector imobiliário português também exporta. De forma diferente da fórmula que que outros sectores, como o do calçado ou o sector dos vinhos, exportam, mas igualmente exportando, ou se quiserem, contribuindo pela entrada de capital para a recuperação da nossa Economia.

Isto sem esquecer o efeito de contágio que uma procura externa relativamente à nossa oferta imobiliária pode gerar na própria procura interna e sem esquecer o dinamismo que as transações imobiliárias geram em áreas de atividade económica a montante e a jusante do sector imobiliário propriamente dito.

Por outro lado – devo sublinhar – e na nossa tradição de abertura aos outros, pouco deveria importar saber que nacionalidades procuram mais investir no nosso país. No ranking destas procuras – que continua a ser liderado pelos cidadãos chineses numa posição que se percebe pela dimensão da China e pelo facto deste país ser uma das mais fortes economias do Mundo – valorizar ou desvalorizar esta ou aquela nacionalidade pode até ter uma interpretação menos aceitável.

A identificação dos cidadãos estrangeiros que mais parecem mostrar interesse pela nossa oferta imobiliária deve ter como único objectivo ajudar a que a própria oferta imobiliária portuguesa saiba onde investir mais na divulgação dos respectivos. Daí a importância de se saber que a procura por parte dos cidadãos chineses é, de momento a mais forte, e de se saber que os cidadãos brasileiros ocupam o segundo lugar deste pódio, com valores muito próximos dos valores registados pela procura de cidadãos do Reino Unido ou da França.

Mas chineses, brasileiros, ingleses, franceses ou cidadãos de outras nacionalidades deverão ser acolhidos por nós no mesmo pé de igualdade, com a óbvia condição de que todos aceitam as leis pelas quais regemos a forma como fazemos negócios e a forma como nos relacionamos com os outros.

 

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 18 de Março de 2015 no Público

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