O mercado imobiliário português não é um potencial mercado de salvados que possa ser arrematado num desbarato, tanto mais acentuado quanto seja possível passar a ideia de uma inventada (mas muito conveniente para os especuladores do costume) bolha imobiliária.

O mercado imobiliário português é, realmente, e como tenho dito muitas vezes, um dos pilares da nossa Economia, um investimento seguro e um património que importa preservar, não só pela obrigação ética face às gerações futuras mas também pela necessidade de não desbaratar a nossa própria riqueza. Por tudo isto, tem de ser analisado com transparência e rigor.
 
Tendências detectadas como a que regista um crescimento das dações de imóveis para pagamento de créditos vencidos, tendência que faz aumentar este tipo de activos na posse de bancos, exigem uma maior clarividência na reflexão que podem e devem suscitar numa conjuntura adversa como a que vivemos presentemente.
 
O crescimento significativo de carteiras de bens imobiliários na posse da banca torna-a proprietária de muito produto imobiliário, que não desejava, e obriga-a, como obrigaria qualquer cidadão, a vendê-lo, legitimamente, mesmo sem recorrer à mediação imobiliária, solução que nem sequer tem sido a adoptada pela generalidade dos bancos que estão a entregar tais activos a empresas de mediação.
 
Tenho reflectido muito sobre este e outros problemas e, como já várias vezes tornei público, penso que inverter a tendência do aumento exagerado daqueles activos inesperados é tarefa urgente que está a ser feita principalmente pela diplomacia dos próprios bancos, nomeadamente junto da promoção imobiliária, evitando-se assim mais rupturas que possam fazer aumentar aquela perigosa tendência.
 
Sem prejuízo de manter a opinião de que é também necessário que a banca consiga financiar mais o sector privado da Economia Portuguesa, reconheço e sublinho que, esse nascente paradigma que se manifesta quando os bancos tentam encontrar soluções que evitem o colapso dos respectivos clientes faz da banca um parceiro fundamental do sector da Construção e do Imobiliário.
 
Todos somos ainda poucos para conseguirmos devolver ao mercado imobiliário português a vocação de pilar da nossa Economia como investimento seguro e como motor de uma recuperação que visa o crescimento e o desenvolvimento sustentável sem ceder à tentação demagógica de velhas soluções de terra queimada.
 
Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 09 de Dezembro de 2011 no Sol

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