A aquisição pela empresa do Deutsche Bank que gere os fundos imobiliários de três centros comerciais Dolce Vita (Porto, Douro e Coimbra), detidos por um fundo americano, no que terá sido a maior transacção de centros comerciais em Portugal nos últimos dez anos, mostra como o imobiliário português continua a seduzir os investidores estrangeiros e não apenas no segmento habitacional, na Reabilitação Urbana dos grandes centros.

Os americanos que venderam aqueles três Dolce Vita (a Lone Star ainda proprietária do Dolce Vita Monumental) continuam, de acordo com os seus representantes em Portugal, interessados em investir no nosso país, nomeadamente em ativos imobiliários com dimensão e escala, procurando inclusivamente terrenos em Lisboa  para construção habitacional e de escritórios.

Este é mais um sinal de que estamos na onda de uma potencial agenda de crescimento, que recuperação do valor do património imobiliário construído. O fim da retracção de alguns investidores interessados nos mercados imobiliários como o nosso, objectivamente seguro e sem qualquer sombra de bolha imobiliária nos últimos anos, consolida o sector como uma das alavancas da nossa recuperação.

O nosso imobiliário continua a ter condições para servir de refúgio a poupanças e a investimentos, nacionais e estrangeiros, alternativos a outros investimentos que a crise desencadeada em 2008  revelou serem menos seguros, nomeadamente os investimentos em produtos financeiros tóxicos que estiveram na base da instabilidade financeira mundial ainda visível.

A provar esta que sempre foi para mim uma evidência, está o número de investimentos dos fundos americanos no nosso mercado imobiliário, um mercado que projecta encerrar o presente ano de 2015 com investimentos a ultrapassar os dois mil milhões de euros, um máximo histórico português em investimento imobiliário que é também um óptimo sinal para os tempos que se avizinham e que muito dependeram do dinamismo da Economia.

Sendo um bom investimento para estrangeiros que procuram áreas de investimentos seguras é, como ainda há pouco tempo aqui escrevi, uma alternativa ao aforro das famílias e uma opção muito forte para reformados estrangeiros da União Europeia que olham também para as condições a vários níveis excepcionais que existem em Portugal e para as condições especiais que o país lhes tem oferecido.

Portugal não tem aliciado apenas – e ainda bem – os investidores institucionais estrangeiros, de dentro e fora da União Europeia. A aposta no imobiliário tem sido mais abrangente e é bom que continue a sê-lo, mantendo os incentivos oferecidos aos cidadãos extra comunitários e aos comunitários não residentes, sem (é também necessário sublinhar) as habituais tentações fatais de uma fiscalidade excessiva e injusta.

Para o imobiliário português manter e acentuar o enorme poder de sedução que exerce e que o transforma numa poderosa alavanca para a recuperação da Economia, agora de forma mais segura pelas obrigatórias cautelas em matéria de sustentabilidade.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 25 de novembro de 2015 no Público

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