A Itália, a terceira maior economia da Zona Euro e uma das mais pesadas ou lentas economias da União Europeia, com uma previsão de crescimento para o corrente ano de 0,4%, nos cálculos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) também aprovou um regime de atribuição de autorizações de residência para investidores de fora da União Europeia semelhante aos nossos vistos Gold.

Com mínimos de investimento inferiores aos que foram fixados em Portugal (300 mil euros contra os nossos 500 mil euros), os vistos Gold italianos pretendem também captar investimento estrangeiro oferecendo destinos turísticos de peso como o são as cidades de Roma, Milão e Veneza, cidades onde o turismo residencial é sempre, mesmo em momentos de recessão, um dos pilares da Economia.

Sublinho esta “concorrência” para mostrar como os programas do tipo dos vistos Gold não são um exclusivo de Portugal nem estão em vias de desaparecer como outros, ao compilar argumentos negativos contra estas opções estratégicas, vinham insinuando,mas também para reafirmar o que várias vezes defendi, isto é, que os mínimos de investimento necessário para a concessão dessas autorizações deviam baixar.

Entre nós baixaram já para investimentos a realizar em localizações menos densamente povoadas, mas mesmo estes valores mais baixos ainda são superiores aos que a Itália fixou como mínimos, o que mostra como conseguimos ser sempre mais papistas do que o Papa e, às vezes, tão perdulários que até parece que queremos desperdiçar oportunidades que outros, com menos necessidade, fazem tudo para não perder.

Em Itália, uma das mais importantes economias da Europa, existem regiões modelo para o desenvolvimento de negócios, como acontece a Norte, sob a égide da industrialíssima Milão, a par de cidades turísticas por natureza, de que Veneza, no Adriático, ou Roma, dita cidade eterna, são dois dos expoentes. Itália atrai, mas no que respeita à captação de investimento estrangeiro pela via do imobiliário, Portugal oferece uma qualidade e uma segurança imbatíveis.

Como aliás já referi neste mesmo espaço, Portugal vende casas de boa e muito boa qualidade. É isso – e a nossa tradicional hospitalidade para com os estrangeiros – e não a “venda” de passaportes, de vistos de residência ou, pior ainda, de nossa nacionalidade, o que torna atrativo o programa de Autorizações de Residência para Investimento (ARI), vulgo vistos Gold.

Neste campo, não temos de ter medo da concorrência europeia. Somos tão europeus quanto os outros mas mantemos uma identidade própria que acrescenta valor ao que oferecemos em contrapartida das oportunidades de investimento. Falhamos, no entanto, na divulgação eficaz das nossas ofertas e nisso, italianos e outros europeus que também apostam na captação de investimento estrangeiro dão cartas e têm trunfos que poderíamos também apresentar, sem dificuldade, se apostássemos a sério no nosso marketing.

O que é também preciso, nesta hora da agenda do crescimento,  é saber mostrar, no imobiliário como noutros sectores, o que de bom temos para oferecer.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 01 de Abril de 2015 no Público

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