No princípio do corrente ano, numa das minhas reflexões sobre o mercado imobiliário, disse e escrevi que os preços das casas em Portugal não estavam a descer, acrescentando, para escândalo de alguns, que os preços das casas, no mercado imobiliário português, tinham tendência para subir.
Os fenómenos de quedas de preços que então pareciam ocorrer no mercado, eram apenas ajustes aos preços especulativos que, por tradição, são pedidos por imóveis usados, na hipervalorização subjectiva da casa quando esta é posta à venda por quem gostou de lá viver.
Só nestes cenários circunstanciais podemos assistir a algo, vagamente aparentado com uma quebra dos preços no imobiliário. Objectivamente, pela evolução do estado da arte de construir e pelo aparecimento de materiais adequados às necessidades das modernas construções, as casas novas valem mais do que as usadas.
Mesmo que seja – como então escrevi – a casa onde vivemos e fomos felizes, um espaço que cedemos com relutância e pelo qual todo o dinheiro que nos oferecem parece escandalosamente pouco. Mesmo sabendo que casa não é um carro que desvaloriza no mínimo 30% no momento em que sai do stand, novinho em folha.
A confirmar as minhas palavras estão aí os números do segundo trimestre do ano, números que mostram sinais de recuperação, numa valorização agora reconhecida mas que sempre, mais visível ou menos visivelmente, esteve presente no mercado imobiliário português.
Também eu, temo sempre uma leitura muito maniqueísta dos números. Neste sector, há sempre algo de novo no velho e algo de velho no novo, mas não parece rigoroso condenar o Algarve como a potencial única região cujo imobiliário tarda em recuperar.
Mesmo num país onde os valores do imobiliário, não estavam, havia muito, a ser inflacionados, quando deflagrou a crise do sub-prime, é natural que regiões como o Algarve, especializadas em turismo residencial e segunda habitação, se ressintam mais do aperto.
Acresce que, mercados dos mais clássicos do Algarve – Inglaterra e Irlanda – viveram e vivem momentos de grande contenção, a justificar uma urgente procura de novos públicos, na permanente e necessária reinvenção da nossa oferta, que volta a mostrar-se, como sempre dissemos, um investimento seguro.
Publicado dia 11 de Setembro de 2010 no JN