Ao preparar o futuro, importa erradicar, ou pelo menos diminuir fortemente, o desemprego e o medo de cair no desemprego. Por esta via, também passa muito do que ajuda a formar “o medo do insucesso nacional”, utilizando um título de um livro do atual ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira.

Nesta obra, publicada quando o professor das Universidade Simon Fraser e da British Columbia, no Canadá, Álvaro Santos Pereira, ainda não era ministro da Economia nem projetaria a possibilidade de vir a assumir o lugar, há vontade de exorcizar muito desse nosso pessimismo.

“Nos tempos que correm o optimismo parece ser uma palavra anacrónica e desadequada. Mais do que nunca, parece que os pessimistas profissionais têm (finalmente) razão. Mais do que nunca, afirmar que Portugal tem futuro parece não ser mais do que um exercício de retórica sem qualquer base real de sustentação”, reconhece o autor empenhado em combater este fatalismo.

Ele cita uma das mais famosas frases de John Keynes, quando este economista diz que a longo prazo estamos todos mortos, interpretando-a como um aviso de Keynes a lembrar que o futuro e o progresso de longo prazo “não ajuda quem sofre a curto prazo, com o aumento do desemprego, com a diminuição da produção das empresas ou com a subida do custo de vida”. 

Para Álvaro Santos Pereira, o Estado deve intervir decisivamente para tentar diminuir a amplitude da recessão e a volatilidade inerente às economias de mercado mas deve assumir “que a força da economia portuguesa está no sector privado e não no nosso Estado”. E diz mesmo, numa linguagem ainda de não ministro, que os gastos do país devem privilegiar “ajudas à nossa indústria, aos nossos inovadores e aos sectores em mais dificuldades”. 

As perguntas colocadas por Álvaro Santos Pereira no seu “Medo do Insucesso Nacional” ganham, no presente momento, uma nova dimensão. “Se desejamos mesmo que o Estado gaste mais, por que é que não construímos mais hospitais? Melhores escolas? Por que é que não aumentamos os subsídios e as benesses fiscais para empresas de alto valor acrescentado se localizarem no nosso país?” 

Talvez assim, insisto eu, potenciando a criação de emprego nestes tempos de recordes de desemprego, seja possível que os portugueses voltem a ter menos medo deste flagelo galopante (que já vai nos 15%) e possam deixar de encarar a possibilidade de ficar sem emprego como a primeira de todas as preocupações.

Temos, de facto, de preparar o nosso futuro mas sem descurar o nosso presente como avisava John Keynes, hoje aqui evocado numa citação de Álvaro Santos Pereira.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 13 de abril de 2012 no Sol

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