Nos países ricos do Norte da Europa, como a Alemanha ou a Finlândia, a imagem que existe dos povos do Sul, nomeadamente dos povos do Mediterrâneo, é que são povos que não gostam de trabalhar e que passam a vida na praia.

Os portugueses fazem, aos olhos daqueles nórdicos, parte dos povos do Mediterrâneo, o que, culturalmente, é rigoroso, embora na apreciação em causa se julgue mesmo que Portugal é banhado pelo Mare Nostrum e não pelo Atlântico.

Mas o que é importante desmistificar é essa ideia de que os povos do Sul são por natureza preguiçosos, comparativamente aos do Norte, especialmente quando gregos e portugueses, por exemplo, trabalham mais horas por semana do que alemães e finlandeses.

A questão é outra e liga-se com a estrutura do nosso tecido empresarial ainda muito marcado pelos sectores que utilizam mão-de-obra intensiva ao invés de outras economias que souberam incorporar valor acrescentado nos respectivos produtos.

Devíamos ter aprendido isto com o colapso do nosso têxtil como principal sector exportador: as nossas t-shirts e os nossos slips sempre foram de boa qualidade, o problema é que as t-shirts nunca deixaram de ser camisolas interiores e os slips cuecas.

A solução não está em trabalhar mais e ter menos férias, especialmente para quem já está entre os que mais trabalham e menos férias têm. A solução está nas nossas opções de gestão para cada negócio e em mais valias que valham a pena.

Luís Carvalho Lima

Publicado dia 25 de Maio de 2011 no Diário Económico

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