Li, há tempos, que a defesa do antigo sobre o novo é uma das doenças infantis de quem sonha com o elixir da eterna juventude e recusa aceitar os processos normais de envelhecimento. Uma espécie de sarampo, dizia o autor, acrescentando que há sempre algo de novo no velho e algo de velho no novo, embora menos velho no novo do que novo no velho.

No que toca ao universo da construção e do imobiliário, a pedra, durante anos e anos para muitos, o material dos materiais para a construção civil, já não é o que era sabendo-se que uma boa insonorização dos edifícios requer materiais novos e testados, e que, até as tintas de interiores podem aliviar a factura energética. Aqui,  o novo é melhor do que o velho.

Entre nós, alguns portugueses desesperaram nos últimos meses deste ano, enquanto não chegou ao nosso mercado a tábua electrónica das tábuas electrónicas (uma das traduções possíveis para tablet). O desejo era tanto, que alguns seriam capazes de morder o bíblico fruto proibido, isto é, a maçã com que Eva terá tentado Adão.

E, no entanto, a tal tábua ou placa electrónica, sensível ao tacto, não tornou todos os computadores existentes num monte de sucata obsoleta. Nem mesmo aqueles que parecem ficar obsoletos pouco depois de saírem da fábrica, quando são apenas menos rápidos e com memórias menos dilatadas, embora isto seja outra das facetas da obsolescência.

Tudo isto se aplica ao universo da construção e do imobiliário, onde o novo, mesmo quando falamos mais em reabilitação e regeneração urbanas, continua a ter lugar. Desde logo, porque muita reabilitação é, na verdade, um quase fazer de novo, nos limites da área antiga mas sem limites no que toca à inovação.

Bom Ano Novo.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 1 de Janeiro de 2011 no Expresso

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