Mário Soares, com a experiência de quem já foi líder partidário, ministro, primeiro-ministro e Presidente da República, Manuela Ferreira Leite, com a experiência de quem já liderou um partido e já assumiu responsabilidades ministeriais, tal como Marques Mendes, com idêntica experiência ou como o escritor Vasco Graça Moura, nome de referência no Partido Social Democrata, todos eles estão preocupados com o rumo dos sacrifícios que estão a ser exigidos à classe média portuguesa.

Soares disse a jovens sociais-democratas reunidos em Castelo de Vide na chamada Universidade de Verão do PSD que a classe média está no limite face à carga fiscal tão elevada que está a sofrer, manifestando uma preocupação que Vasco Graça Moura também sente, ao considerar o aumento de impostos “um incomportável sacrifício das classes médias”, e Marques Mendes reforça ao dizer que tal esforço “é um murro no estômago dos portugueses”.

Isto sem esquecer as reflexões que a Dra. Manuela Ferreira Leite aqui deixou na semana passada, ao lembrar, por exemplo, que o aumento do IRS para os chamados rendimentos maiores, contempla escalões que incluem uma grande fatia da classe média, o que, no entender desta economista, diminuirá o consumo privado e implicará um desvio da poupança em vez de financiar o investimento necessário ao crescimento do país.

Eu que ajo no terreno do sector da construção e do imobiliário, sei como são insuspeitos, necessários e prudentes estes avisos à governação. É que esticar demasiado a corda pode fazer-nos morrer não da doença mas da cura.

Luís Lima

 

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

 

Publicado no dia 10 de Setembro de 2011 no Expresso

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