No ano passado, a ministra do Emprego do Governo de Madrid, Fátima Báñez, dizia que o seu ministério estava empenhado em fazer com que os jovens que saíram para o estrangeiro à procura de novas oportunidades pudessem voltar a Espanha. A ministra classificou este êxodo de “talento fugido à crise”  como preocupante reconhecendo que a forma de o contrariar é oferecer oportunidades no próprio país.

Mais contundente na linguagem, uma deputada da oposição ao Governo de Madrid chamou a essa saída “exílio económico” lembrando que este movimento é diário e bem visível e atinge muitos jovens, alguns deles imediatamente após a conclusão dos respectivos cursos superiores – a falta de saídas profissionais é tão evidente que muitos nem chegam a tentar uma oportunidade, resolvendo dar o salto na hora da obtenção do diploma universitário.

Em Espanha, como em Portugal, a situação dos jovens com formação e em idade de entrar no mercado de trabalho é muito difícil. Um em cada dois não consegue uma oportunidade, apesar de todas as promessas de crescimento económico e de todas as políticas, europeias e locais, para contrariar o flagelo do desemprego jovem que aprisiona qualquer futuro. O investimento feito na formação dos jovens perde-se irremediavelmente.

Entre nós, e tendo em conta algumas realidades históricas, os estudantes universitários oriundos de regiões mais desfavorecidas que recebiam bolsas de estudo suportadas pelas organizações estatais dessas regiões comprometiam-se, no final dos respectivos cursos, a exercer, durante um período mínimo, as respectivas profissões nas localidades de origem, sob pena de terem de repor as verbas recebidas pela bolsa.

Isto devia ser válido não apenas para os médicos recém licenciados mas para todas as profissões. Um dos mais significativos períodos de criatividade profissional ocorre entre os 25 e os 35 anos. Nenhuma estratégia de desenvolvimento pode prescindir dos seus filhos com estas idades. E não conta a possibilidade de podermos receber jovens de outras nacionalidades. Neste caso, e sem quaisquer nacionalismos, a ligação à terra pode fazer a diferença. Não podemos desperdiçar inteligência, em Portugal como em Espanha.

Luis Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 24 de fevereiro de 2014 no Diário Económico

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