A ideia de não sacrificar peões pode, em certos jogos de xadrez, determinar o xeque-mate do adversário, quando menos o esperávamos e estávamos distraídos a comer algumas peças menores que nos pareciam dadas de mão beijada.

O imobiliário não é um jogo, nem muito menos o jogo do Monopólio que muitos de nós jogamos em noites frias das férias do Natal, quando esses jogos eram dos raros divertimentos a que tínhamos acesso. O imobiliário é um investimento e precisa de uma estratégia segura.

Mas, às vezes, até há quem pareça aquele Rei que foi derrotado por um pastor, a jogar com as brancas, em apenas quatro lances, numa jogada tão simples e de mestre que ainda hoje se chama xeque-pastor.

As brancas saem com um peão que está na casa E2 e avançam duas casas, como é possível à saída, para E4. O peão preto que está em E7 defende-se e avança para E5 tentando travar a investida inicial.

A dama branca corre para H5. Respondem as pretas colocando um cavalo em C6. Um dos Bispos brancos avança para C4 e em resposta o outro cavalo preto salta para F6, julgando ameaçar a dama que dá mate em F7.

Um jogo que poderia até demorar dias, termina, sem glória para uma das partes, em quatro jogadas. Para se ganhar em xadrez é preciso conhecer bens as regras do jogo e saber antecipar as respostas do adversário.

O mesmo se passa no Jogo do Imobiliário, que não deve ser assumido como um jogo mas como um investimento seguro e necessário para que o sector seja um dos motores da recuperação económica.

Pensar que, a adopção de um taxa liberatória sobre os rendimentos que os proprietários de imóveis venham a obter se os colocarem no mercado de arrendamento é um recuo na obtenção de receitas fiscais, é um erro básico.

Uma tal opção, como a que o sector tem vindo a defender, dinamiza o mercado de arrendamento e com ele a própria reabilitação urbana, travando o desemprego no sector e gerando mais receitas pela quantidade.

O contrário é o xeque mate do pastor.

Luís Carvalho Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 20 de Dezembro de 2011 no Diário de Notícias e Jornal de Notícias

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