Devemos ceder à tentação de responder às agências norte-americanas de avaliação de riscos, como a Moodys, com uma série de expressões vernáculas, mesmo se nos lembrarmos que elas, na véspera da bancarrota da Islândia, recomendavam o investimento na ilha e agora, mais zelosas, classificam, Portugal como lixo, precisamente quando estamos a acatar as recomendações internacionais.

Tampouco devemos ceder à vontade de escrever um manifesto anti-rating onde, como no Manifesto Anti-Dantas do Almada Negreiros, queiramos garantir “tais munições de manguitos que levaria dois séculos a gastar”, pois os desconhecidos e discretos senhores dessas agências estão preparados para este tipo de reacção.
 
Importaria, no presente contexto, defender a criação de um Tribunal Internacional, semelhante ao Tribunal de Haia, que julgue as acções desenvolvidas por estas agências e determine se, realmente, elas configuram, como parece, uma actividade criminosa visando atingir a Europa, o Euro e até os Estados Unidos da América que aparentemente pretenderão defender.
 
Admitindo, apesar de rumores em contrário, que os EUA vão honrar as dívidas que contraíram, incluindo a que estará mais próximo de vencer, o que acontecerá a 4 de Agosto, é estranho que tais “moodys” ignorem este calendário e prefiram penalizar um país Europeu que, endividado, aceitou pagar a dívida em 2013, e mostra-se disposto a sacrificar-se para honrar tal compromisso.
 
Parece uma actuação susceptível de investigação isenta, até pelo facto dela também alimentar um anti-americanismo potencialmente terrorista.
 
Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 16 de Julho de 2011 no Expresso

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