Parafraseando o presidente da Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção (APCMC), Eng. Afonso Caldeira, na mensagem que dirigiu ao 16º Congresso da APCMC (que há dias teve lugar no Porto e no qual participei, com muito gosto, como convidado), reforço que “a reinvenção das cidades dentro de um novo paradigma de sustentabilidade e competitividade, alinhada com a Estratégia da Europa 2020, será, certamente, uma oportunidade para a fileira da construção participar e contribuir numa nova fase de crescimento económico”.

O Eng. Afonso Caldeira, numa síntese feliz, lembrou que estes desafios pressupõem “visão, vontade política, capacidade técnica, esforço de investimento, adaptação de modelos de negócio e alteração dos modelos da governação do território, sempre articulados com as regras europeias de acesso aos fundos”, reconhecendo também que não são desafios fáceis de alcançar embora sejam fundamentais para “o nosso futuro colectivo”, uma das preocupações centrais da vida das próprias empresas.

Para falar de reabilitação urbana e cidades do futuro, este Congresso reuniu empresários, políticos locais, investigadores universitários e profissionais de variada formação disponíveis num cruzamento de pontos de vista indispensável à concretização de projectos tão importantes como os que estavam em debate, num exercício que tantas vezes falta, ou parece faltar, no patamar das decisões políticas.

Como que a ilustrar esta ausência de uma reflexão aprofundada sobre os nossos projectos, retenho algo que registei, nos passos perdidos do parque de estacionamento da Alfândega do Porto, onde decorreu o congresso, conversando informalmente com o Arq. Rui Losa e com o Prof Paulo Pinho, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

Alguém, lembrando o Programa Especial de Realojamento (PER) criado, há 20 anos, para erradicação de barracas em Lisboa e no Porto, disse que o PER previa apoios para a reabilitação de prédios devolutos no centro das cidades, mas esta possibilidade de reabilitação urbana esbarrou sempre num clássico choque entre organismos públicos – um a dizer que não subsidiava áreas tão grandes, outro a dizer que não permitia alterações no prédio.

Será que já aprendemos estas lições?

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 31 de maio de 2013 no Diário de Notícias

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