Ouvir um grande jogador como Ricardo Quaresma elogiar publicamente a forte personalidade do capitão da Selecção Nacional de Futebol, Cristiano Ronaldo, sublinhando que ele “está sempre pronto para tudo” mesmo que o Mundo caia em cima dele, ou ouvir Pepe, outro grande jogador, o homem do jogo na final do Euro 2016, referir-se ao mesmo Cristiano como um futebolista único de enorme capacidade de entrega e com uma vontade de querer fazer sempre mais e melhor profissionalmente, seria mais do que suficiente para o eleger como um exemplo de líder mas quem viu o que se passou nesse histórico encontro de 10 de Julho em Paris fica rendido, mesmo que não ligue muito ao futebol.
Ele sofreu uma entrada muito dura de um jogador francês, tão dura que haverá muita gente a pensar – quero acreditar que erradamente – que foi potenciada pela vontade de neutralizar o principal jogador adversário da seleção de França, mas, apesar da dor, saiu para receber algum tratamento, voltou a entrar até que, por fim, acabou mesmo por ser substituído, ainda a meio da primeira parte desse jogo decisivo. Aos olhos de muitos poderia parecer que ter-se-ia esfumado o sonho lindo que ele tanto acalentava, mas não.
Cristiano não se escondeu num banco mais ou menos discreto, nem ficou no posto médico do Estádio de França onde foi assistido. Cristiano voltou para junto do terreno do jogo e mostrou-se bem ao lado do seleccionador nacional Fernando Santos, quase ocupando nesta posição o lugar de treinador adjunto, dando força à voz já rouca de Fernando Santos, mas falando também por ele, Cristiano, incentivando os companheiros que estavam a jogar para que fizessem tudo até chegar à vitória e, depois, tudo para conservar essa posição. Um líder é feito desta massa e desta determinação e um líder pode ser decisivo para manter a chama acesa nos momentos difíceis.
No futebol ou noutras causas que nos unam. Como aconteceu quando nos unimos em defesa de Timor-Leste, um dos momentos em que provamos ao Mundo como, unidos, somos capazes de grandes feitos. Esta é, realmente, a grande lição deste Campeonato Europeu de Futebol 2016.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
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Publicado no dia 18 de Julho de 2016 no Diário Económico