O Partido Socialista e o Partido Social Democrata chegaram a um entendimento sobre a reorganização do mapa administrativo de Lisboa, acordo que aponta para a fusão de freguesias e para a criação de outras, numa solução que fará diminuir as actuais 53 freguesias da capital para apenas 24.
Esta boa notícia, entretanto tornada pública em conferência de Imprensa, foi dada em primeira mão pela Senhora Arquitecta Helena Roseta, vereadora do Pelouro da Habitação da Câmara Municipal de Lisboa, na intervenção que proferiu no debate sobre a sustentabilidade dos mercados imobiliários, que a Federação Internacional do Imobiliário (FIABCI) e a Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa organizaram em Lisboa, no passado dia 27, com o apoio da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal APEMIP.
O debate cruzado que a apresentação, em Lisboa, de um documento sobre a sustentabilidade dos mercados imobiliários elaborado pelo Grupo Consultivo em Mercados Imobiliários da Comissão Económica das Nações Unidas proporcionou, foi realmente multifacetado e assumiu-se, como alguém disse durante os trabalhos, como um raro retrato do imobiliário português captado de vários ângulos.
A notícia da fusão de freguesias na maior cidade do pais, numa manifestação de racionalidade pouco habitual, quando o costume é ceder às pequenas e médias vaidades de alguns bairrismos sem sentido, é uma boa notícia que aliás reforçou a imagem de maturidade, que também o sector da Construção e do Imobiliário português transmitiu aos estrangeiros da FIABCI e das Nações Unidas que se deslocaram a Lisboa para o debate citado.
Algumas freguesias de Lisboa – que gerem espaços mais complexos e mais povoados do que muitos concelhos do país – reclamavam, há muito, mais competências, tendo em vista a eficácia da própria gestão autárquica, no quadro em que a própria cidade se insere, isto é, em permanente competição com outras cidades europeias, nomeadamente no que toca à captação de turistas. O entendimento entre os dois principais partidos com responsabilidades na capital e no país é um sinal de maturidade que saúdo, esperançado que possa contagiar-se a outras áreas da Res Publica.
O processo do reordenamento de freguesias em Lisboa carece ainda de aprovação, na Câmara Municipal e na Assembleia Municipal, antes de subir a discussão publica e de ser, como tudo o indica, enviado à Assembleia da República. Para a APEMIP, associação que nasceu da fusão das duas associações empresárias do sector, esta notícia é naturalmente uma boa notícia que merece aplauso.
Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP
Publicado dia 2 de Fevereiro de 2011 no Público Imobiliário