O universo das empresas de Mediação Imobiliária, empresas que são um dos garantes da fluidez possível nas transacções imobiliárias, é fortemente marcado por pequenas e médias empresas cuja sobrevivência, em muitos sectores, tem sido tão heróica quanto necessária para o próprio interesse da Economia do pais 

Sabe-se como o mercado imobiliário é fundamental para a recuperação económica: gera riqueza, gera receita tributária, promove a circulação de moeda e assegura um efeito multiplicador não apenas em termos financeiros, como em termos sociais. E sabe-se como as empresas de mediação imobiliária são fundamentais ao mercado.
Estas vivem da fluidez do mercado imobiliário, hoje condicionado pela escassez de crédito uma das muitas condicionantes a um desempenho empresarial que exige, para contribuir para o crescimento, outra dinâmica de negócios, nomeadamente de negócios com a importância social dos negócios imobiliários.
 
É bom recordar que o arrefecimento imobiliário e a crise económica, social e política que fragilizam o nosso país não afectam apenas a Mediação Imobiliária… Afectam, de forma transversal, o tecido empresarial português, com particular incidência no sector da construção e do imobiliário e neste, em particular as PME’s.
 
Neste contexto, a notícia de que as empresas beneficiárias das linhas PME Investe podem pedir a extensão do crédito por um período de 12 meses, pagando apenas os juros e sem amortizar capital, é não apenas uma medida que agradará à banca nacional, como uma notícia absolutamente justa e inteligente, apesar de pecar pelo curto período de tempo aplicado. 
 
Em parte, esta medida alivia a falta de liquidez que o tecido empresarial português sofre assumindo-se como um apoio indirecto às empresas com dificuldades de tesouraria, ao adiarem, por um ano, os reembolsos de crédito, um verdadeiro balão de oxigénio mesmo que a termo curto. Uma transfusão mínima a prazo. 
Mas 12 meses poderão não ser suficientes para livrar as PME’s da pressão que agora sentem. 
Se a medida se estendesse a um prazo mais alargado, 24 meses, por exemplo, poderia garantir uma estabilidade mais imediata, proporcionando às PME’s mais fôlego e segurança, que certamente se reflectiria na Economia actual. 
 
A questão da sobrevivência das empresas em geral e das pequenas e médias empresas em particular é vital para a Economia portuguesa, muito em especial neste contexto difícil que temos vivido. Daí que tenhamos de aplaudir esta moratória, esta transfusão de liquidez em que se traduz a extensão do período de carência das linhas PME Investe.
 
Mas este aplauso só é justo e lúcido se for acompanhado de um alerta realista para a forte possibilidade de que tais transfusões são ainda insuficientes para garantir a sobrevivência de uma das mais criativas,  significativas e vitais fatias do nosso tecido empresarial.
 
Luís Lima
Presidente da APEMIP
(luis.lima@apemip.pt)

Publicado no da 16 de Setembro de 2011 no Sol

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