Angel Gurria, secretário geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que há cinco anos, numa passagem por Lisboa, defendia uma subida generalizada dos impostos sobre o património imobiliário, defende agora, com urgência políticas expansionistas e mais investimento que impulsione a Economia.

Para contrariar o arrefecimento das principais economias, com desaceleração nos EUA, na Europa do Euro e em certas economias emergentes, a OCDE tornou pública a defesa do aumento do investimento público “de forma a acelerar a procura global e impulsionar o crescimento”. É mais uma mudança de agulha.

A organização de Gurria está apreensiva face ao comportamento  da economia mundial, revê em baixa as previsões de crescimento dos EUA, do Japão, da Alemanha, da França, do Reino Unido, da Itália, do Canadá, do Brasil e do conjunto da zona euro, alterando projeções que tinha adiantado há três meses e pede agora alterações de políticas.

As previsões de crescimento que a OCDE adiantara em Novembro de 2016 estão agora a recuar, em nova previsão, pelo menos três décimas, o que condiciona as novas leituras e faz temer por uma continuada  “progressão inadequada dos salários e do emprego”, num quadro de uma possível nova instabilidade financeira.

Catherine L. Mann, economista-chefe da OCDE, diz – leio na imprensa especializada – que “é preciso uma resposta mais forte ao nível da política orçamental, combinada com um relançamento de reformas estruturais, para suportar o crescimento e proporcionar um ambiente mais favorável a inovações e mudanças que resultem em ganhos de produtividade, em particular na Europa”.

E lembra “que as administrações públicas de vários países podem conseguir financiamento de longo prazo a taxas de juro muito baixas”, sublinhando que volta a haver espaço para políticas orçamentais expansionistas destinadas a aumentar a procura, de uma forma obviamente compatível com a sustentabilidade das finanças públicas.

Não resisto a citar a passagem do comunicado da OCDE que fala numa maior atenção para políticas com resultados positivos no curto prazo que, ao mesmo tempo, contribuam para o crescimento de longo prazo. A frase adiantada é a seguinte: “compromisso para aumentar o investimento público reforçaria a procura e contribuiria para suportar o crescimento no futuro”.

Com o crescimento na China a abrandar, embora de acordo com outros especialistas sem por em causa as necessidades da própria China, nomeadamente em questões de emprego, e a India a manter os valores de crescimento que têm sido previstos, as perspectivas da Economia Mundial não serão as ideais para o Ocidente.

Quem o diz e com todo o peso inerente a organizações com a importância das que se mostram ao Mundo com siglas conhecidas é a OCDE, uma organização para a cooperação e desenvolvimento económico que reúne 31 democracias de países desenvolvidos, entre as quais a Democracia Portuguesa. 

Esperando-se que sejam preocupações mais focadas nas populações do que nos mercados, contra cuja “ditadura” ainda há dias se levantava o Governo do Japão.

 

Luís Lima
presidente da CIMLOP
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 22 de Fevereiro de 2016 no Jornal i

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