No princípio da semana um dos títulos deste jornal abriu uma janela de esperança para o turismo e, consequentemente, para a nossa Economia – “Hotéis de luxo do Algarve quase esgotados na Páscoa”. A notícia relevava também a ideia de que os portugueses estão a aproveitar preços mais baixos para uma escapadinha, mesmo que curta, “cada vez mais curta” e sublinhava que os franceses, os alemães e os brasileiros estão a compensar a falta de espanhóis, um dos nossos tradicionais mercados na Páscoa.

Na mesma página do DN da véspera do Dia do Pai uma outra notícia dava conta de investimentos avultados em hotelaria de cinco estrelas por parte de um grupo bem representado em Portugal. Este grupo hoteleiro mesmo tendo registado quebras de ocupação nos hotéis que explora no nosso país não se retraiu na estratégia de expansão definida antes da crise, considerando que alguns dos destinos, nomeadamente Lisboa e o Algarve, continuam a oferecer boas oportunidades, apesar das dificuldades conjunturais.

Faço-me eco destas notícias que a Redação do DN relevou na edição da passada segunda-feira por serem, a meu ver, exemplos felizes das estratégias que o momento presente exige – fomentar a procura interna, mesmo que pela via de ofertas promocionais de menor margem de lucro, e procurar novos mercados que superem os mercados clássicos, pelo menos nas atividades onde estes mercados habituais possam estar a manifestar sinais de saturação, eventualmente por também sofrerem os efeitos da crise.

Isto é particularmente válido para o turismo, incluindo o residencial mais ligado ao sector imobiliário. Se os mercados inglês e irlandês estão menos fortes, se o mercado espanhol que sempre deu prova de vida na Páscoa também está a arrefecer, importa encontrar outros mercados, em Economias mais sólidas ou em Economias emergentes. A par do próprio incentivo ao mercado interno que, em boa verdade, não depende apenas das promoções, muito importantes, dos operadores turísticos.

Mais do que o negócio que possa gerar a procura interna, todas as tentativas que a oferta possa ensaiar no sentido de se aproximar de uma procura tendencialmente a retrair-se são importantíssimas para manter acesa uma chama mínima de auto estima e confiança, sem a qual dificilmente se parte para uma recuperação real e efetiva.

Luís Lima
Presidente da APEMIP e da CIMLOP – 
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
luis.lima@apemip.pt

Publicado do dia 22 de março no Diário de Notícias

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