Os portugueses voltam a ter muito medo do desemprego. A possibilidade de ficar sem emprego é a primeira de todas as preocupações lusas, podendo mesmo dizer-se, que é a mãe de muitas preocupações com efeitos, directos e indirectos, neste sector da Construção e do Imobiliário .

Desemprego, emprego precário ou emprego de baixa remuneração são condições só por si suficientes, para impedir ou dificultar o acesso ao crédito para aquisição de casa própria, um dos principais entraves à própria recuperação económica do país, na exacta medida em que restringe ainda mais o crédito disponível.

Há neste cruzamento de situações um cenário de ciclo vicioso que importa quebrar o mais rapidamente possível, por exemplo, pela dinamização da reabilitação dos centros urbanos, e consequentemente, do próprio mercado de arrendamento, caminhos do sector da Construção e do Imobiliário que recuperam, no imediato, cem mil postos de trabalho.

Evoco este sector, por ser um dos sectores onde desenvolvo actividade mas também por saber que grande parte dos postos de trabalho que podem ser recuperados por esta via, são postos de trabalho menos qualificados, o que assume particular importância num quadro de desemprego pouco qualificado muito significativo.

Muitos dos desempregados de longa duração são pessoas de idade já avançada, de fracas habilitações académicas e até de escassa formação profissional, situação que não é fácil superar mas que não pode ser ignorada, pois o exército de desempregados não pode crescer e atingir uma dimensão socialmente explosiva.

Na sua tradicional sabedoria, a população portuguesa elege o desemprego como um dos principais medos (em alguns casos é mesmo o primeiro medo) e esta realidade tem de ser tida em conta por quem venha a assumir o desafio de enfrentar estes tempos difíceis. Daí que, projectos como os da reabilitação urbana tenham de estar nas prioridades.

O custo social de uma elevada taxa de desemprego é imensamente maior, a médio e longo prazo, do que o custo de qualquer política de promoção do emprego, mesmo não contabilizando os benefícios indirectos e subjectivos, quase sempre tão importantes como os objectivos.

Num quadro de medo generalizado pela possibilidade do aumento do desemprego, jamais será possível gerar uma qualquer onda de optimismo absolutamente necessária para que o país dê a volta por cima, como se diz e se deseja. Eis, objectivamente, um factor subjectivo a ter em conta nesta hora de mudança e de compromissos duros, assumidos também em nome da necessidade de reconquistarmos a confiança dos outros e, principalmente, a nossa própria confiança.

 

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

 

Publicado no dia 17 de Junho de 2011 no Sol

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