Sem óleo adequado e em quantidades suficientes para usar uma linguagem de cifras parecidas com metáforas, muito ao gosto de Jean Claude Trichet que se despediu como presidente do Banco Central Europeu (BCE), sem lubrificação, o motor da Economia europeia pode gripar.

A decisão do BCE de abrir os cordões à bolsa para dar maior liquidez aos bancos, condição indispensável para que os motores funcionem sem atrito e sem o risco de colapso irreversível, foi uma boa prenda de despedida de Trichet, mas só surtirá efeito se os bancos souberem partilhar tal prenda com os mercados reais.

Se os bancos secam, as economias que enfrentam uma fortíssima restrição de financiamento, para citar agora, o ministro português das Finanças, Vítor Gaspar, dificilmente conseguirão ajustar-se e assegurar os compromissos com terceiros que foram obrigadas a assumir.

Os bancos precisam de ser salvos para poderem salvar as Economias. Precisam de ter liquidez e capacidade para por os motores a funcionar às velocidades mínimas de cruzeiro para uma navegação equilibrada numa rota de crescimento e desenvolvimento.

Aparentemente, este meu texto parece um somatório leve de ideias largamente conhecidas. Tal leveza é, no entanto, só aparente, pois, na verdade, o ponto da situação actual é mais simples do que se julga: não adianta apertar o cinto se não formos capazes de produzir mais e melhor e jamais o conseguiremos sem financiamento adequado.

Independentemente das agências de notação que reconhecem a bondade de certos planos, nomeadamente no caso português, mas continuam a cortar na classificação nos bancos.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

 

luis.lima@apemip.pt

 

Publicado no dia 15 de Outubro de 2011 no Expresso

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