Quem programou deslocar-se a Lisboa nesta semana iniciada a 7 de Novembro e não acautelou o alojamento terá enormes dificuldades em marcar quarto em muitos dos circuitos mais clássicos de alojamento da capital – Lisboa recebe, pela primeira vez, a Web Summit, uma conferencia global de tecnologia que aqui decorrerá pelo menos mais duas vezes, com possibilidade de ser mais quatro anos, encontro que mobiliza mais de 50 mil participantes, entre quadros de grandes empresas e jovens informáticos.

Os hotéis de Lisboa não chegam para a procura em momentos de elevado número de viajantes interessados em estar em Portugal e é em situações como esta que a importância de plataformas como a Airbnb, uma ferramenta da internet que ajuda ao encontro da oferta e da procura de quartos para arrendamento de curta duração, ganha outra visibilidade como um dos pilares das mudanças que estão a acontecer neste sector do turismo.

A semana do Web Summit em Lisboa vai gerar mais de 15 mil novos alojamentos para as ofertas da Airbnb de Lisboa a que corresponderá um rendimento adicional superior a 2,8 milhões de euros. França, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos “mandam” para Lisboa, naquele período, mais de mil hóspedes cada. Só de França podem chegar aos 2.800 hóspedes.

Esta realidade é tão curiosa que o director de políticas públicas da Airbnb para a Europa, Médio Oriente e África está anunciado como sendo um dos palestrantes do Web Summit, devendo participar num painel sobre economia de partilha. Neste mundo em mudança temos de olhar para o que está acontecer sem preconceitos. 

Claro que o aparecimento deste tipo de ofertas gera alguma preocupação e até algum conflito. Não direi que o Airbnb é contestado, por exemplo pelos hotéis, como a Uber é contestada pelos táxis clássicos, mas há cidades, caso de Barcelona e de Berlim, que estão a dificultar o uso daquela ferramenta electrónica para alojamentos locais, em nome da defesa da respectivas indústrias hoteleiras.

Como li num jornal brasileiro, Lisboa precisa de visitantes e, por isso, não impõe as limitações de Londres (máximo de 90 noites por ano) ou Amesterdão (máximo de 60 noites) e muito menos  as de Barcelona ou Berlim que simplesmente proíbem o arrendamento local em imóveis que estejam exclusivamente a praticar esse negócio. Por isso Portugal tem aceitado a economia compartilhada e olha para as mudanças em curso no Mundo com alguma esperança.

Esta atitude também explica a escolha de Lisboa como cidade anfitriã da Web Summit nos próximos três anos, extensíveis aos próximos cinco. Não há cimeiras destas com todas as inerentes oportunidades em cidades que se fechem ao mundo que está a mudar com a ajuda, maior ou menor, das plataformas informáticas, como a Airbnb mas não só.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 9 de Novembro de 2016 no Público

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