Admitir, como já admitiu Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, que a Europa falhou ao não explicar o que estava em jogo e que as políticas de correção orçamental, mesmo corretas, não são política e socialmente sustentáveis, é uma mensagem difícil de compreender se não for acompanhada de uma saída coerente para esta situação.

Esta contradição insanável que resulta da adopção de políticas corretas para a correção do défice que, afinal, não serão política e socialmente sustentáveis, como reconhece Durão Barroso, sustenta-se na ausência de um apoio político e social mínimo a essas mesmas políticas.

Os conselheiros tecnocratas que as desenham, nas palavras do presidente da Comissão Europeia, defendem-nas como sendo o modelo a seguir, mas dizem que as dificuldades em as aplicar já não é o problema deles. Para Durão Barroso o erro reside na incapacidade da Europa em levar os europeus a aceitar esta dificuldade.

É preciso austeridade e políticas de crescimento, ou, por outras palavras, engordar a passar fome, contradição que poderá estar a dividir a Europa, entre o Sul e  o Norte, entre o Centro e a Periferia em que nos encontramos, contradição que mina a ideia de Europa num momento difícil para muitos europeus. 

A ideia de uma nova narrativa para a Europa, expressão política de um esforço para salvar a União Europeia como um projeto político e cultural baseado em fortes valores humanistas e vocacionado para servir todos os europeus, exige que o enredo encontre uma saída de continuidade com pernas para andar no futuro.

Mas não basta apontar o dedo às políticas que são socialmente insustentáveis, por muito corretas que o sejam na cartilha teórica de alguns tecnocratas, é preciso emendar essas políticas com determinação e , principalmente a tempo de salvarmos o próprio projeto europeu.

Quando a Europa vacila entre a integração e a fragmentação, como reconhece publicamente o próprio presidente da Comissão Europeia, é necessário esclarecer quais são os planos, quais são as opções e que intenções políticas determinam aqueles que têm uma palavra a dizer quanto ao futuro da Europa. E emendar de vez os erros reconhecidamente cometidos.

Luís Lima

Presidente da CIMLOP

Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa

presidente@cimlop.com

 

 

Publicado no dia 27 de abril de 2013 no Jornal de Notícias

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