Neste tempo de reflexão, entre o fim de 2013 e o início de 2014, apetece dizer, em tom otimista, que não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe, sublinhando esta última sentença como a mais adequada à esperança que renasce sempre que entramos num Ano Novo.

Se olharmos retrospetivamente para 2013 temos de sublinhar, no que ao sector imobiliário diz respeito, alguns sinais positivos, principalmente a partir do Verão passado, com o retorno, para férias de emigrantes novamente interessados em investir em Portugal e com a presença de investidores estrangeiros atentos ao nosso património construído e não exclusivamente à boleia das autorizações de residência concedias pelos “Golden Visa”.

Por esta via, terão entrado mais de 600 milhões de euros em investimentos que se justificam muito para lá da simples vontade de obter uma autorização de residência, ou seja, que se justificam pela oportunidade segura de negócios que é, como sempre foi, investir no mercado imobiliário português.

Estes investimentos externos diretos não compensam a perda verificada no investimento interno no sector, diminuição resultante do diminuto poder de compra e do escasso rendimento disponível das famílias. Bem que muitos portugueses gostariam de investir as poupanças que ainda possuem em imóveis vocacionados para o arrendamento urbano, tendo em vista a obtenção de rendimentos que possam servir de complemento às reformas cada vez mais estreitas. Não o fazem pelo facto de não ser ainda claro um efetivo incentivo a estes investimentos nem sequer no plano fiscal.

Quando esta dinâmica for equilibrada e justa, o segmento da compra e venda no mercado imobiliário português poderá estabilizar com preços igualmente equilibrados e justos, ao invés das tentativas de desvalorização forçada que têm sido ensaiadas, fazendo com que os bens imobiliários recuperem a capacidade de poderem traduzir-se, em tempo útil, em liquidez sem que para tal quem vende tenha de aceitar preços esmagados.

Esta distorção artificial dos preços também pesou na falência de famílias e de empresas. Sempre houve quem vivesse momentos de aperto e tivesse necessidade de vender alguns anéis, mas anteriormente, perante mercados que funcionavam normalmente, os anéis vendiam-se com relativa facilidade e a preços justos resolvendo-se assim alguns problemas.

No quadro atual de dificuldades isto é mais difícil de alcançar, o que também explica a acumulação de dações de imóveis para pagamento de dívidas, por particulares e empresas, fenómeno para o qual, felizmente, a banca está atenta, tentando evitar rupturas irreversíveis entre os seus clientes mais frágeis – sejam particulares sejam empresariais.

Este realismo que se aplaude favorece o regresso à normalidade dos mercados, em especial do mercado imobiliário, um mercado que em Portugal está mais virado para a Reabilitação Urbana e para o Arrendamento Urbano, oferecendo-se aos investidores atentos como ótimas oportunidades de investimento, claramente mais seguras do que algumas que no passado pareciam mais atrativas mas revelaram-se muito voláteis.

Se o ano de 2014 conseguir consolidar estas tendências então talvez possamos provar que realmente não há mal que nunca acabe.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 30 de dezembro de 2013 no Jornal i

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