Volto a puxar pelo optimismo para exorcizar o nosso síndrome helénico, que alimenta medos de uma possível implosão social, com manifestações preocupantes em alguns sectores da sociedade, como as que têm sido notícia em alguns países da União Europeia, nomeadamente na Grécia.
Um sentimento que cresceu ao longo do campeonato europeu dos últimos que disputamos durante alguns anos contra uma Grécia, que sempre satisfazia o nosso orgulho ao evitar que fossemos a eterna lanterna vermelha do ranking dos países europeus em vias de desenvolvimento. Um sentimento que explodiu em choro mediático quando os gregos venceram Portugal, no Porto e em Lisboa, no primeiro e no último dos jogos do Europeu de Futebol de 2004.
Campeã Europeia de Futebol de 2004 a 2008, ano em que foi destronada pela Espanha, nem por isso a Selecção Nacional Grega conseguiu contagiar o país, no plano económico, para o sucesso que alcançou no Euro2004 realizado em Portugal. Também a Selecção de Espanha, campeã quatro anos mais tarde, não conseguiu evitar que a crise financeira atingisse fortemente o país nesse ano de 2008.
Embora seja melhor ganhar e estar optimista, mesmo que à custa de pequenos nadas subjectivos, pois o optimismo é objectivamente fundamental para enfrentar os desafios de cada momento, nomeadamente em momentos difíceis, como o que vivemos com esta comoção em torno do Haiti.
Por isso é desejável que continuemos a não nos vermos gregos.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 20 de Janeiro de 2010 no Diário Económico