De Espanha diz-se, ou dizia-se, que nem bom vento nem bom casamento, mas hoje é importante reconhecer que, pelo menos, gera bom exemplo. É o caso do IVA sobre a compra de casas novas que, nos nossos vizinhos, vai baixar em de 8% para 4%. Temporariamente, é certo, mas baixa para ajudar a escoar um excesso de oferta do mercado.

Tão importante como este incentivo do Estado ao escoamento de imóveis por estrear, é o facto do Estado mostrar que olha para as questões centrais de um sector como o da Construção e do Imobiliário, tradicionalmente um dos pilares de Economias de mercado dinâmicas.

Madrid limita esta benesse a quatro meses considerando-a um contributo necessário face à realidade do sector, mas não perde de vista “a determinação de favorecer o mercado do arrendamento», nas palavras da própria ministra da Economia, Elena Salgado.

Para a ministra, Espanha procura um maior equilíbrio entre o mercado de compra e venda de imóveis e o mercado de arrendamento urbano, mas a situação de excesso de stock em imóveis obriga a dar atenção especial a esta realidade sob pena de continuar a quebra de actividade do sector.

Registe-se que em Espanha, tal como em Portugal, o sector da construção e do imobiliário tem vindo a sofrer uma quebra significativa que se reflecte também no contributo que sempre deu ao próprio PIB.

A situação, com efeitos colaterais na perda de empregos, exige uma abordagem urgente e inteligente. Espanha começou, com determinação, a enfrentar este desafio. Esperemos que este bom exemplo de Madrid supere aquela ideia feita, que recusa qualquer bom vento ou bom casamento vindo do outro lado da fronteira.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

 

Publicado no dia 03 de Setembro de 2011 no Expresso

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