Quando os números, mesmo que provisórios, apontam para um crescimento de receitas provenientes do Turismo, entre Junho e Setembro, com as principais cadeias hoteleiras a registarem taxas de ocupação mais significativas, em alguns casos de 85%,  nomeadamente em Lisboa e no Algarve, é tempo de começarmos a pensar realmente no que queremos, no futuro, para a nossa Economia, e deixarmos aquilo que pode ser considerado como navegação à vista da costa.

O futuro de qualquer Economia prepara-se no mínimo com duas décadas de antecedência e com a definição clara das apostas do país – podemos ser, turisticamente, uma República Dominicana no Atlântico Norte, com uma forte vertente de ecoturismo ou até uma espécie de Florida portuguesa, a pensar numa procura turística que quer, por exemplo, bons serviços de saúde, mais complexos do que os mais sofisticados SPA’s  também eles necessários.

Podemos ser uma destas hipóteses ou uma nova Flandres, também com vocação turística a par da vocação para entreposto comercial que esta opção implica, com as estruturas portuárias e aeroportuárias a funcionar em pleno, ou ainda uma nova Costa de Espanha.  Mas qualquer destas soluções de futuro precisa de ser escolhida e trabalhada.

Recordando um exemplo que em tempos ouvi ao Dr. Félix Ribeiro, registo, mesmo que o tema seja politicamente tabu, que a necessidade de uma ligação ferroviária de alta velocidade à Europa, via Madrid, está para os madrilenos que queiram vir a Lisboa, para desfrutar a cidade e o que ela oferece, como a linha do Estoril estava no princípio do século XX para os lisboetas que gostavam de ir ao Casino.

Definir o que queremos, por exemplo no campo do Turismo, implica investir em  infraestruturas que facilitem grandes movimentações de pessoas e mercadorias, investimentos indispensáveis para gerar o valor acrescentado sem o qual dificilmente poderemos cativar uma fatia do bolo das transações globais e deixar de ser cada vez mais periferia.

Como em tempos disse, estas boas notícias do turismo nacional morrem na praia se não forem consolidadas através de investimentos reprodutivos, consolidação que implica muito mais do que o registo das boas performances estatísticas do Verão para o sector hoteleiro algarvio ou da capital, um registo que deve também ser referido como esperançoso, especialmente nestes tempos difíceis que atravessamos.

Tenho de sublinhar, mesmo que não seja politicamente muito correto fazê-lo, que potenciar o nosso país como destino turístico de excelência no todo nacional, sonhando fazer de Lisboa a capital ibérica do entretenimento ou de vários outros destinos nacionais locais privilegiados para um turismo residencial sénior de elevada qualidade, tenho de sublinhar que este futuro é possível e desejável  mas ainda carece de alguma obra pública.

Nesta matéria do crescimento e do desenvolvimento económicos, como em muitas outras matérias, o milagre com que todos sonhamos está na nossa lucidez, nas nossas mãos e na vontade que possamos exercer na defesa dos nossos interesses enquanto país independente que possui a enorme vantagem de pertencer à União Europeia e à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 27 de Setembro de 2013 no Jornal SOL

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