Se captarmos uma imagem, de um ponto mais elevado, com um olhar (lente) grande-angular, é normal que as figuras humanas apareçam ao longe, com as suas características físicas imperceptíveis para o observador. É o que acontece em algumas obras do pintor Paolo Uccello, que retratam, num grande plano geral, momentos de batalhas ou até cenas de caça.

Mas se, ao tentar obter uma fotografia de um ponto elevado, também com uma lente grande angular, dispararmos a máquina no exacto momento em que um gato se atravessa a poucos metros da câmara, a imagem obtida será muito provavelmente, um “bigclose” do gato, ou seja um enquadramento em que o bicho é dominante e o contexto completamente esquecido.

Quer nos grandes planos gerais quer nos “bigclose” perdemos sempre informação e, as mais das vezes, informação muito importante. Isto acontece na pintura e na fotografia, mas também na acção política e na análise politica, mesmo na chamada análise politica sectorial em que talvez caibam estes meus escritos em torno da realidade da Construção e do Imobiliário.

 

Na verdade, eu tento sempre evitar os “bigclose”, que tendem a chamar para primeiro plano, numa atitude corporativa, interesses particulares, mas também alerto para os grandes planos gerais que esquecem e ignoram as características dos seres que acabam por ficar na gravura em ponto muito pequeno, sem grande definição.

Um sector, como o da Construção e do Imobiliário, poderá não figurar em primeiro plano, mas não pode ser esquecido do contexto pois a sua dinamização gera emprego e interessa às pessoas.

 

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

 

Publicado no dia 25 de Junho de 2011 no Expresso

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