Recuperar a confiança perdida nos mercados imobiliários, nomeadamente nos Estados Unidos da América e nos países europeus afectados pela crise do sub-prime, exige que se trave o surto de desvalorização artificial dos imóveis e se fixe tais valores num patamar claramente justo.

Esta pandemia das desvalorizações artificiais, de consequências graves nos mercados imobiliários onde se instala, nasce da disseminação de vírus que se transmitem no rescaldo de longos períodos especulativos, contaminando até mercados onde a especulação imobiliária estava erradicada e ou nunca tivera grande expressão.

Ron Phipps, o actual presidente da associação dos profissionais imobiliários dos Estados Unidos da América – a poderosa NAR – confirmou em Brasília, num encontro de dirigentes do sector onde ambos participamos, que essa “doença” ainda mata mercados, considerando uma prioridade combatê-la.

Esta é uma das mensagens fortes que saiu do III Encontro Brasileiro de Corretores de Imóveis (III ENBRACI) e dos eventos que o próprio ENBRACI potenciou, como o fórum sobre liderança no sector imobiliário onde Ron Phipps proferiu aquela evidência, dando mais força à ideia, que também tenho defendido, da urgência em travar tais desvalorizações artificiais.

O sector financeiro, muito responsável por esta situação, tenta emendar os excessos cometidos quando oferecia crédito sem cautelas, “desbaratando” agora o stock das “devoluções imobiliárias”. Só que os bens imobiliários não são susceptíveis de serem colocados no mercado, em saldos sobre saldos, como se fossem sapatos fora de época.

Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt

 

Publicado no dia 18 de Junho de 2011 no Expresso

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