Já em tempos, a propósito de formação, citei neste espaço, uma exposição de fotografias de hotéis, da autoria de Paulo Catrica, exposição que tinha em complemento uma série de testemunhos, gravados em vídeo, de arquitectos e proprietários de hotéis que falavam sobre a verdadeira dimensão do charme e do luxo em matéria de hotelaria.

Relembro esse texto e o que nele sublinhava da exposição – os testemunhos de José Miguel Júdice, proprietário do hotel de charme que é a Quinta das Lágrimas, em Coimbra, a definir luxo como a capacidade em satisfazer todos os caprichos legítimos, e de Siza Vieira insurgir-se contra a ideia pouco criativa de que os hotéis da mesma rede devem ter mesmo ambiente em Paris, Tóquio ou no Porto.

Neste Verão frio, pelo menos para o Turismo nacional, cujas quebras na procura são evidentes em todos os destinos, é importante reflectir sobre a própria qualidade da oferta e sobre os prós e os contras das estâncias turísticas vocacionadas para receber muita gente ao mesmo tempo comparativamente às que oferecem serviços num patamar mais exigente.

A frieza do olhar que a Economia e o Mundo dos negócios requerem leva-nos a reconhecer que por este Mediterrâneo (a que pelo coração também pertencemos) os destinos turísticos vocacionados para acolher multidões estão a sofrer mais do que os destinos de padrão mais elevado, padrão necessariamente assente num oferta de maior qualidade.

Neste quadro, julgo que a nossa necessidade de internacionalização, no turismo, incluindo no imobiliário turístico, passa, prioritariamente, pelas ofertas de qualidade e por uma promoção destas mesmas ofertas que seja, também ela, uma promoção exigente, capaz de vender o charme com alma lusitana nos mercados que procuram ofertas de padrões elevados.

Mais do que nunca, neste Verão frio como há muito não se vivia, apesar do calor, é bom que façamos uma reflexão global sobre as nossas potencialidades de país periférico, de país de bons climas, seja o meteorológico seja o social, para que a aposta nesta área seja realmente assumida como uma aposta estratégica, na certeza de que poderá ser uma das mais fiáveis.

É por isso que projectos como os da construção de um novo aeroporto internacional ou da ligação à rede europeia dos comboios de alta velocidade são investimentos estruturantes que deveriam merecer um entendimento alargado da sociedade. É por isso que a promoção do nosso imobiliário turístico no estrangeiro está na ordem do dia e requer conjugações de esforços excepcionais.

Queremos Verões amenos durante quase todo o ano (nem Verões Quentes, nem Verões Frios) e queremos que a mediação imobiliária, representada pela APEMIP, possa ser apoiada na tarefa a que há muito se candidata de promover além fronteiras, no que ao nosso imobiliário diz respeito, a nossa marca de país de bom acolhimento que serve com a mais elevada qualidade.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 24 de Julho de 2009 no Sol

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